quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vivência nas cores: Inácio Rodrigues e as paisagens transfiguradas em suas obras litográficas

Resumo: De acordo com a norma 6028, este artigo foi concebido através de uma pesquisa com o intuito de fomentar o mercado de produções de artigos científicos voltados para a arte no Brasil, além de levar ao público uma fonte de conteúdo sério, promovendo a crítica e uma maior participação do componente que mais importa na arte, o público.

Palavras-chave: Inácio Rodrigues. Gravura. Litografia. Cor.

ABSTRACT: According to the 6028 standard, this article was designed by a research with the goal of promoting market oriented production of papers for art in Brazil, and to provide the public a source of serious content, promoting a critical and greater involvement of the component that matters most in art, the public.
KEYWORDS: Inacio Rodrigues. Engraving. Lithography. Color.

No vasto repertório artístico por onde Inácio Rodrigues permeia se utiliza visivelmente de um elemento marcante na composição de suas obras, a cor. E na litografia não é diferente, cria cenários impressionantes com forte uso da cromática, misturando figuras e abstrações, formas simétricas e assimétricas.
A dificuldade em encontrar obras literárias que esclareçam detalhadamente como anda a produção de litografia atual no Brasil, foi o impulso inicial para desenvolvimento deste artigo.
Como elemento que há anos fascina a humanidade, a cor proporciona de igual maneira os mesmos sentimentos a Inácio Rodrigues, que vê nas cores sua marca registrada.

Este artigo científico surge com o objetivo de tomarmos os primeiros conhecimentos de como conceber um trabalho acadêmico. Além de se aprofundar em assuntos de suma importância no processo de aprendizagem de um aluno de artes visuais. Pesquisar a litografia, suas dificuldades e facilidades; como outros artistas se comportam com a técnica e esclarecer o intenso uso da cor nos trabalhos litográficos de Inácio Rodrigues.
No cenário literário acadêmico há insuficiente estudo acerca da litografia e, especificamente, sobre as obras litográficas de Inácio Rodrigues. A pesquisa pode abrir novos horizontes com relação à cor e seu uso, além de divulgar uma técnica fascinante como é a litografia.
O artigo científico foi desenvolvido através de pesquisa embasada em fontes literárias, sites, e entrevistas com artistas e envolvidos na área.



1 A GRAVURA, A TÉCNICA E O ARTISTA

Desde tempos remotos, o homem fazia incisões nas paredes de suas cavernas. Em cerimônias ritualísticas criava cenas de caçadas onde acreditava pintar aquilo que iria caçar para comer no dia seguinte, já sonhava com arte sem ao menos ter criado ainda tal palavra.
A palavra gravura deriva da palavra de origem grega “graphein”, cujo significado é escrever ou desenhar, num sentido amplo é a transposição de formas e linhas para superfícies planas, já num mais restrito, se define como linhas, tramas e desenhos feitos sobre material específico com a finalidade de reprodução de imagens. Conforme (FERREIRA, 1977, p. 15):
Gravura é a arte de transformar a superfície plana de um material duro ou, às vezes, dotado de alguma plasticidade, num condutor de imagem, isto é, na matriz de uma forma criada para ser reproduzida certo número de vezes. Deve para isso a placa ou prancha desse material ser trabalhada de modo a somente transmitir ao papel (que é o suporte de reprodução mais geralmente empregado), por meio da tinta (o elemento “revelador”), e numa operação de transferência efetuada mediante pressão, parte das linhas e/ou zonas que estruturam a forma desejada. Deixa-se então o branco (ou à cor) do papel realizar ativamente a sua contraparte na ordenação e surgimento da imagem integral e autônoma que se chama estampa. (apud. FELIZ, 2010)

Dentre os processos de gravar, temos a litografia, técnica que consiste basicamente em desenhar sobre uma pedra litográfica com materiais gordurosos, tratar a pedra com química e água, e a impressão da imagem é feita através de prensa litográfica.
Litografia vem do grego lithos, “pedra” e graphein, “escrever”, sua história começa na Bavária com Aloys Senefelfer (1771-1834), dramaturgo que com a ideia de imprimir de modo barato suas peças de teatro, cria a litografia no séc. XVIII. A técnica permite resultados diversos dependendo do material utilizado que podem proporcionar diferentes aspectos. Como é descrito na Enciclopédia Itaú Cultural o off-set:
Processo de impressão utilizado na indústria gráfica e inventado em 1799, pelo alemão Aloys Senefelder, como uma forma mais refinada da litografia. A impressão é indireta, ou seja, a transferência de imagens ocorre de uma superfície para outra através de uma terceira superfície intermediária. As chapas utilizadas são metálicas e flexíveis, feitas fotograficamente, de alumínio, aço inoxidável ou papel processado, e projetadas para envolverem um cilindro de borracha, responsável pela imagem final. (ITAÚ CULTURAL, 2005)

A litografia chega ao Brasil com o trabalho de Arnold Julian Pallière. Em 1819 jornais do Rio de Janeiro começam a publicar anúncios relativos a técnica que só é introduzida oficialmente, por assim dizer, em 1825 pelo suíço Jacob Steimann. E a litografia logo ganhava forma no Rio de Janeiro, como descreve Marcelo Frazão em:
Nas décadas seguintes era cada vez maior o número de oficinas litográficas instaladas no Rio de Janeiro. Esses estabelecimentos atendiam a toda espécie de encomendas, executando estampas artísticas, marcas comerciais, planos de arquitetura, mapas, faturas, etc. Vendiam também os materiais necessários à litografia e alugavam as pedras litográficas aos artistas que trabalhavam em suas residências e ateliers. A formação de novos gravadores e litógrafos era feita nas próprias oficinas, embora constasse nos estatutos da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. (ATELIER VILLA OLIVIA, 1998)

Em 1966, chega ao Rio de Janeiro, Inácio Rodrigues, artista nascido em Espraiado, região de Aracajú no Estado do Ceará em 31 de Julho de 1946. Aos 12 anos pintava os muros de sua casa, na falta de onde executar seu talento para a arte que já começava a brotar.

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 1: Inácio na Galeria Mutante


Com 13 anos, a convite de seu tio João Guida, viaja a bordo da escuna “Tarcísio”, navegando por rios e mares, Inácio Rodrigues, percorre o norte e o nordeste do Brasil, e países da América Latina.
Depois de um tempo, Inácio resolve deixar o tio e traçar seus próprios rumos em direção a arte, vai de circense à pintor de igrejas, roda o Brasil e chega ao Rio de Janeiro aos 19 anos, com a bagagem artística dos amigos que lhe ajudaram pelo caminho. Cita Geraldo de Andrade em:
Foi nesse Rio ainda contagiado pelo poder que Inácio Rodrigues chegou com a cara e a coragem. Fixou-se em Jacarepaguá. Ele já ouvira falar da Escola Nacional de Belas Artes, situada em pleno centro da cidade, próxima a Cinelândia, onde se concentrava a maioria dos teatros e cinemas cariocas. (ANDRADE, 2009, p. 27)
Na Belas Artes vira auxiliar de seu conterrâneo João de Souza Sobrinho, a partir disso começa a assistir aulas como aluno ouvinte, onde adquiri experiência, tanto teórica como na prática, participa de salões e recebe vários prêmios, se tornando um grande conhecido no mundo das artes. E enfim Inácio começa a ter contato com a arte gravada, conta Geraldo de Andrade em:
Tendo se aproximado do excelente gravador Darel, demonstrou inusitado interesse pela gravura e suas técnicas, mormente xilo, relevo e lito – que depois iria desenvolver mais seriamente na Escolinha de Arte do Brasil.
Estavam fincadas as bases para outro meio de expressão que, posteriormente, Inácio Rodrigues seria um mestre: a arte gravada, em particular a litografia. (ANDRADE, 2009, p. 37)
No ano de 1960 chega ao Brasil o artista plástico Kenichi Kaneko, remanescente do Grupo Seibi, fundado por artistas japoneses como Tomie Ohtake e Manabu Mabe. Em 1968 faz uma exposição individual no Rio de Janeiro. O ator e artista plástico conhece neste momento Inácio Rodrigues, conforme entrevista:
Inácio Rodrigues é meu amigo há quase 40 anos. Um pintor de muitas experiências que também tem trabalhos de gravura. Trabalhando no atelier de gravuras tem xilogravura, serigrafia e litografia. Além da sua pintura e desenhos, e mais...
Uma das grandes características da “Gravura” são os múltiplos processos para preparar a matriz. Muita técnica artesanal, como todas as artes que precisam desta grande capacidade artística do Artista. Às vezes é difícil o processo e fascinantes resultados, poucas pessoas chegam a realizar e produzir uma obra que se chama tiragem, o imprimir. Inácio é um dos vencedores artísticos neste ramo. (KANEKO, 2011)

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 2: Kaneko



2 LITOGRAFADO NA ARTE

Nas obras de Inácio Rodrigues observamos como elemento compositivo principal, a cor, na grande maioria, em sua forma mais pura que fazem suas obras ser facilmente reconhecidas e constituem sua marca e personalidade, fato que se relaciona com sua vida e seus percursos, como conta em entrevista Inácio Rodrigues:
A cor para mim é interessante porque eu sou um pintor, na verdade comecei minha história de arte assim, como um artista plástico pintor, e a litografia, a gravura, veio depois. Muita gente acha que Inácio Rodrigues é apenas um gravador, mas sou pintor realmente. Minha história pictórica é: nos anos 60 fazia um trabalho social com a figura humana, depois esta figura humana se transformou em grandes paisagens espaciais e mais tarde esta paisagem espacial deu origem a uma pintura ecológica, isto há muitos anos atrás, no tempo em que nem se falava em ecologia, entre 67 e 69. Modéstia a parte tenho um domínio colorista muito interessante e acabo brincando bastante com a cor. Então tem as memórias da minha infância, pois, nasci no Ceará na região do Jericoacoara, Aracajú, lá no final, na divisa do Ceará com o Piauí e lá a cor é o sol, é a luz. Passei parte da minha, infância e toda minha adolescência viajando de barco, então a cor, estas memórias coloristas, viajei muito pelo Rio Amazonas, fui para a Espanha, então esta questão da cor, é minha vivência mesmo, no Nordeste, na caatinga eu uso bastante a cor. (RODRIGUES, 2011)
Sua forma expressiva, torna suas obras facilmente identificáveis, devido a autenticidade de como trabalha as cores, não passando despercebido, como conta a artista plástica Gersey Pinheiro Cruz. Conforme:
Tantos grandes artistas falaram belamente sobre as “litos” de Inácio. Eu sou grande admiradora de suas gravuras, as cores se entrelaçam numa harmonia que só os grandes artistas conseguem realizar. A composição que ele cria é inconfundível . Ele é um expert em tudo isso. (CRUZ, 2011)


Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 3: Gersey Pinheiro


 Inácio Rodrigues desenvolve tanto a pintura, como a litografia, sendo que na pintura dá ênfase a uma qualidade pictórica e na litografia, uma qualidade gráfica. Ambas as técnicas ele trabalha de formas distintas, tirando melhor proveito da matéria que manuseia. Os temas que usa também diferem de acordo com a técnica, esclarece em:

Na litografia desenvolvo uma coisa bucólica, uma brincadeira que faço independente de fase da pintura. Você vê a qualidade da litografia de ponta à ponta e o jeito de pintar, a marca, o logo da minha qualidade pictórica, ele existe. Se vires uma gravura minha em qualquer lugar, vai reconhecer meu trabalho, isto que é interessante para um profissional. Eu não gosto de copiar nada de ninguém, nem lembrar, é difícil se livrar, mas tento fazer um trabalho o mais pessoal possível. Tenho uma série que se chama “Transfiguração da paisagem”, um tema ecológico muito interessante, uma brincadeira minha de ver a paisagem transfigurada, esta coisa facetada, a passagem do dia até a noite, uma transfiguração da paisagem. (RODRIGUES, 2011)

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 4: Signo




Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 5: Verão



Kenichi Kaneko descreve com um olhar crítico a obra de Inácio Rodrigues em:

A arte de Inácio Rodrigues tem inferência com a filosofia que estava nascida na década 60 no Brasil. A arte da era pós Modernismo, Vanguarda, pré espacial e Abstracionista, Fantasia e Sonho, inspiração no Futurismo. Que vem trazendo da infância a raiz do Povo Brasileiro. Primitivismo. Que tem além de tudo Luiz Inácio Rodrigues. (KANEKO, 2011)

Em suas obras litográficas, Inácio Rodrigues, ora opta por técnica mista ora puramente por litografia. “Eu transformo-a num original, já é uma litografia, mas daí coloco um pouco mais de acrílico ou tinta litográfica mesmo e vira um original, fica uma técnica mista mesmo”, descreve (RODRIGUES, 2011).
Além do desgaste do tempo sobre uma peça em litografia, a mesma já se degrada antes mesmo de ser feita. Como é feita em papel importado, ele chega ao Brasil com alguns problemas, pois, vem armazenado nos porões dos navios, o que leva a manifestação de fungos no papel. Inácio enfatiza a má conservação do papel e as possibilidades de restauro de uma obra litográfica em:
O papel dá muito fungo às vezes, quando é mal engordurado, mal conservado, então tem que ser tratado como “papel moeda”. Você tem que conservar, tem que pôr o papel litográfico entre dois papeis PH. A restauração é fácil, há um processo de lavagem de papel, qualquer papel se restaura, ao não ser se o artista coloca aquarela junto com litografia, isto é difícil de restaurar por que na lavagem a aquarela sai junto, mas tem o trabalho com tinta. Você pode fazer uma litografia em preto e branco, e colorir com a própria tinta litográfica, o que facilita uma série de impressões, faz-se um monoprint, como chamamos, um trabalho preto e branco, mas com cores, vira quase um original. (RODRIGUES, 2011)

A litografia no cenário da arte contemporânea possui ampla aceitação entre os artistas, com gravadores que utilizam a técnica em países como: Londres, Inglaterra, Cuba, Venezuela, Argentina, Uruguai e em todo o mundo difunde-se esta técnica, descreve Inácio em:
Porque a litografia é a “menina dos olhos” do artista plástico, ele têm uma facilidade e qualidade de impressão que você grafia na pedra o que quiser e obtêm um resultado fantástico. É uma técnica que qualquer artista tem que conhecer. O artista não pode dizer que é um artista plástico se não conhece uma técnica litográfica, uma xilogravura, uma técnica em metal. Qualquer artista sério, você fala sobre litografia, ele sabe que é feito sobre pedra; fala sobre silkscreen ele sabe que é sobre uma tela de seda, a serigrafia que é muito difundida no mundo inteiro. A gravura em metal tem determinadas técnicas dentro da própria gravura que é o talho-doce, a ponta-seca, a água-forte, a água-tinta, são especificidades de técnicas, de qualidades da gravura, já na litografia não tem. Ela é plana mesmo e você dá claros e escuros, trabalha com cores também. Cada litografia colorida, cada cor é uma pedra, só no caso de ter um dégradé se coloca duas a três cores numa mesma pedra, separadas com rolo de tinta, mas normalmente cada litografia tem uma pedra para cada cor. (RODRIGUES, 2011)


3 O TEMPO DA LITOGRAFIA

A litografia de um modo geral não é uma técnica barata, pois depende de uma prensa que é rara no Brasil, encontrada na maioria das vezes em ferro velho. No início do Brasil, os italianos e portugueses de gráficas do Cambuci utilizavam muito a litografia impressas em caixas de cerveja e sabão. Explica em:
Então a litografia é cara realmente, a Convenção de Genebra diz que você tem que imprimir em papel bom, de qualidade, de preferência um Fabriano é claro que temos papeis similares, trabalhos em papeis nacionais, mas normalmente se imprime em papeis importados para fazer uma gravura de alto nível, para chegar no mundo inteiro. A litografia tem diversos preços em todo o mundo, ela é maravilhosamente conhecida e respeitada, os grandes colecionadores fazem questão de ter litografia, Picasso também fez muita litografia. Só no Brasil que a litografia foi bastante difundida, mas o mercado de arte como é meio complicado, perverso um pouco, acaba deixando a litografia de lado, até por uma falta de esclarecimento dos colecionadores, dos historiadores, críticos de arte, porque a litografia antigamente era usada para ilustrar livros, todos tinham grandes litógrafos que ilustravam, por exemplo Darel Valença ilustrou muitos livros dos anos 50. (RODRIGUES, 2011)

Pensando nos prós e contras das técnicas de gravura, na maioria podem ser desenvolvidas em seu próprio atelier, já a litografia depende de uma grande prensa que é bastante pesada. Discorre sobre o tema o artista:

Ainda tem a questão dessas pedras que são raras e não são fáceis de encontrar, às vezes até se encontra nessas grandes lojas de materiais de construção ou ferro velho, você encontra pedras litográficas que muitas vezes ainda contêm as impressões antigas, as marcas dessas impressões, mas a litografia tem esta questão da dificuldade da técnica, pois depende de toda uma técnica de aste, Carborundum, enfim uma técnica que poucas pessoas conhecem para chegar a uma impressão final. (RODRIGUES, 2011)
Com relação ao futuro da litografia, há diversas opiniões sobre o assunto, porque é difícil afirmar que algo vai acabar diante do cenário inconstante da arte contemporânea e o vai e vem de tendências que percorrem a história em todas as suas ramificações. Contudo comenta:
A litografia vai ser difundida, porque quem tem um espaço litográfico, os professores querem ensinar para os novos alunos que surgem, novas pessoas interessadas em arte e tem que conhecer esta. Mas, com o advento da tecnologia de informação, hoje tem a impressão chamada Giclê, que é a litografia feita em impressão digital, que consiste em fazer um original, escaneiar e imprimir em grandes dimensões, com altíssima qualidade, sem deixar a desejar nada para a litografia original, realmente ela alcança um gabarito incrível. Hoje nos EUA, o Giclê é caríssimo e todos os artistas também fazem porque substituiu a litografia, realmente a tendência é desaparecer porque é uma coisa raríssima, está em extinção, tanto a pedra, quanto os interesses, os impressores. Enfim, como outra profissão qualquer, nesta área do artesanato, porque se trata quase de um artesanato, ela realmente fica extinta. (RODRIGUES, 2011)

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 6: Inácio Rodrigues


Gersey P. Cruz se posiciona otimista com relação a difusão da litografia nos próximos anos, como opina em:
Sabemos que as técnicas que utilizam o papel como suporte, não são muito bem aceitas no Brasil. Mas acho que a “lito” apesar de ser uma técnica complicada (uso de pedra já em extinção) continuará sendo seguida por artistas de outros países. (CRUZ, 2011)



CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cor realmente dialoga de forma impressionante com a vida da pessoa e por tudo que ela passa, vive, aprende, capta com sua “câmera ocular” um pequeno retrato do mundo, que carrega em seu bolso para sempre, uma fotografia que vai sofrendo intervenções ao longo do tempo, ganhando ou perdendo cor de acordo com o indivíduo que a carrega. Dissociar a cor desta relação é praticamente impossível numa hipótese do indivíduo externar aquilo que realmente é, sem hipocrisias ou distorções de si mesmo, a cor provavelmente vai representar ligações a suas vivências.
Nossa lembrança visual e cultural determina nossa visão de mundo e como o pintaremos, fortes impressões marcam e as mesmas se manifestam de diferentes formas na arte.

Inácio Rodrigues é com certeza um grande artista, seja na pintura ou na gravura, como os encarcerados, quebra suas grades e dá de cara com um mundo degradado, um meio ambiente corrompido pela humanidade, mas vê esperança em sonhos metafísicos e espaciais.
Agora se a litografia vai desaparecer ou não, podemos ficar por hora com uma opinião do artista plástico Kenichi Kaneko. Conforme:

A arte é uma das mais antigas da humanidade e que mais futura o constante gesto espiritual do humano. Obra que registra o rastro da viagem sentimental e filosófica. O mais importante trabalho manual, que traga o calor pessoal de cada artista, e imortaliza. (KANEKO, 2011)



REFERÊNCIAS

A GRAVURA CONTEMPORÂNEA. Entrevista com Kenichi Kaneko, dia 31 mai. 2011.

ANDRADE, Geraldo Edson de. Inácio Rodrigues – Navegador de Espaços. 1. Ed. São Paulo: Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, 2009. – (Resgatando Cultura: v. 4)

ATELIER VILLA OLIVIA. Breve Histórico da Litografia no Brasil. Texto de Marcelo Frazão. Rio de Janeiro, 1998. Texto do Catálogo da Exposição Litografia 200 anos. Disponível em HTTP://www.ateliervillaolivia.com/lito/brevehist, acesso em 17 mai. 2011.

GERSEY PINHEIRO. Fotografia 3. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

INÁCIO, A LITOGRAFIA E A COR. Entrevista com Inácio Rodrigues, dia 20 mai. 2011.

INÁCIO NA GALERIA MUTANTE. Fotografia 1. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

INÁCIO RODRIGUES. Fotografia 6. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

ITAÚ CULTURAL. Litografia. Atualizado em 30 Ago. 2010. Disponível em http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5086, acesso em 17 mai. 2011.

KANEKO. Fotografia 2. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

PORTAL OLHO LATINO. Breve Histórico da Gravura. Organizado por Júlio Feliz, 11 Nov. 2010. Disponível em http://www.olholatino.com.br/site/images/conteudo/historico.pdf, acesso em 17 mai. 2011.

O ARTISTA E OUTROS OLHARES. Entrevista com Gersey Pinheiro Cruz, dia 30 mai. 2011.

SIGNO. Fotografia 4. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

VERÃO. Fotografia 5. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

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