BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e
Política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Walter Benedix
Schönflies Benjamin nasceu no dia 15 de Julho de 1892 em Berlim e faleceu em Portbou,
no dia 27 de setembro de 1940. Dentre suas
principais atuações foi ensaísta, crítico de literatura, tradutor, filósofo e
sociólogo da cultura, sendo um dos membros mais importantes da Escola de
Frankfurt. Seus ideais se baseavam no materialismo marxista, o idealismo de
Hegel e a mística judaica de Gershom Scholem. Seus escritos são: A Obra de
Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica (1936); Paris, Capital do século XIX (inacabado) e
Teses Sobre o Conceito de História (1940). 1
O capítulo “O surrealismo – O último instantâneo
da inteligência europeia” do livro “Magia e Técnica, Arte e Política” do
escritor Walter Benajmin trata do surgimento do Surrealismo no ano de 1919 na
França. Com o Pós-Primeira Guerra Mundial, a Europa “bebe” do úmido tédio, e da
decadência francesa insurgem literatos que através do êxtase surrealista
manifestam uma experiência revolucionária.
Segundo Walter Benjamin, o sonho é um mergulho na
individualidade e ao mesmo tempo em que a embriaguez abala o Eu, proporciona
aos escritores dessa época, uma experiência vívida que permite-lhes fugir da
embriaguez. Esclarece em:
[...] Mas quem percebeu que as
obras desse círculo não lidam com a literatura, e sim com outra coisa –
manifestação, palavra, documento, bluff, falsificação,
se se quiser, tudo menos literatura - , sabe também que são experiências que
estão aqui em jogo, não teorias, e muito menos fantasmas. E essas experiências
que não se limitam de modo algum ao sonho, ao haxixe e ao ópio. É um grande
erro supor que só podemos conhecer das “experiências surrealistas” os êxtases
religiosos ou os êxtases produzidos pela droga. [...] (BENJAMIN, 1994, pág. 23)
O surrealismo não investiga a personagem, mas sim
os objetos que a rodeiam, onde um aprofundamento levantará questionamentos
sobre a época, momento político e toda uma série de relações que permitirá outro
olhar sobre a personagem. Como explica em:
[...] Esses autores compreenderam
melhor que ninguém a relação entre esses objetos e a revolução. Antes desses
videntes e intérpretes de sinais, ninguém havia percebido de que modo a
miséria, não somente a social como a arquitetônica, a miséria dos interiores,
as coisas escravizadas e escravizantes, transformavam em niilismo
revolucionário. [...] (BENJAMIN, 1994, pág. 25)
Os surrealistas dispõem do conceito de liberdade
dos moralistas e dos humanistas, pois, acreditam que a liberdade deve ser
vivida em toda a sua plenitude, sem regras de como segui-la. “É a prova ao seu
ver, de que “a causa de libertação da humanidade, em sua forma revolucionária
mais simples (que é, no entanto, e por isso mesmo, a libertação mais total), é
a única pela qual vale a pena lutar”.”, cita (BENJAMIN, 1994, pág. 32).
A proposta surrealista tendia a mobilizar todas as
forças da embriaguez para a revolução, porém não é somente a embriaguez que
fomenta uma revolução, embora seja um elemento anárquico, ela necessita de uma
ótica dialética. Exemplifica:
Por exemplo, a investigação mais
apaixonada dos fenômenos telepáticos nos ensina menos sobre a leitura (processo
eminentemente telepático) que a iluminação profana da leitura pode ensinar-nos
sobre os fenômenos telepáticos. Da mesma forma, a investigação mais apaixonada
da embriaguez produzida pelo haxixe nos ensina menos sobre o pensamento (que é
um narcótico eminente) que a iluminação profana do pensamento pode ensinar-nos
sobre a embriaguez do haxixe. O homem que lê, que pensa, que espera, que se
dedica à flânerie, pertence, do mesmo
modo que o fumador de ópio, o sonhador e o ébrio, a galeria dos iluminados. E
são iluminados mais profanos. Para não falar da mais terrível de todas as
drogas – nós mesmos – que tomamos quando estamos sós. (BENJAMIN, 1994, pág. 33)
Na minha opinião, Walter Benjamin evidencia o quão
livre era a poética surrealista, mas nada mais justo do que sonhar diante do
trágico momento político que passava a França. Interessante o conceito de
liberdade surrealista, que se colocassemos no papel e doutrinassemos dizendo
que foi de tal forma, já não seria liberdade.
O uso da metáfora no surrealismo no sentido de
falar de um objeto que representará uma personagem, permite uma experiência
estética mais profunda no contexto de uma determinada cena.
No livro Walter Benjamin fala que somos uma droga,
que mergulhamos em nós mesmos quando estamos sós. Concordo, pois, sozinhos
somos bombardeados por questionamentos internos e a embriaguez vem de certa
forma evacuar tudo isto a luz.
1 – Info Escola. Walter Benjamin.
Texto de Ana Lucia Santana. Publicado em 15 Jul. 2008. Disponível em http://www.infoescola.com/biografias/walter-benjamin/,
acesso em 30 Ago. 2011.
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