CAUQUELIN, Anne. Arte Contemporânea: Uma
Introdução. Anne Cauquelin. São Paulo: Martins, 2005.
A escritora Anne
Cauquelin é crítica de arte e autora de diversos livros sobre a arte
contemporânea. Professora
emérita da Universidade de Picardie, Cauquelin também é diretora da Nouvelle
Revue de D´Esthétique, vice-presidente da Sociedade Francesa de Estética e
marca presença nos comitês de redação das revistas mais significativas do meio
da Arte. 1
No capítulo I, “Os Embreantes”, da segunda parte
do livro “Arte Contemporânea: Uma Introdução”, Cauquelin trata de questões da
Arte Contemporânea e como a mesma se relaciona com a época, o meio e o mercado.
Destacando como “embreantes”, não vanguardistas mas sim singulares, três
pessoas envolvidas com o meio da arte que souberam captar e usufruir da mesma;
Marcel Duchamp, Andy Warhol e Leo Castelli.
Segundo Cauquelin, esses embreantes, anteveem o
que já se anunciava no meio da arte: a arte como uma esfera de atividades como
qualquer outra, os papeis dos agentes envolvidos no meio não são mais
estabelecidos, abandono dos movimentos de vanguarda e do romantismo da figura
‘artista’, a arte não é mais emoção, ela é pensada através de signos afim de
construir um diálogo observador/observado. Cauquelin cita o caso de Duchamp:
Essa ruptura não é uma oposição,
que estaria ligada à sua antítese seguindo uma cadeia causal, mas, sim, um
deslocamento de domínio. A arte não é mais para ele uma questão de conteúdos
(formas, cores, visões, interpretações da realidade, maneira ou estilo), mas de
continente. [...] (CAUQUELIN, 2005, pág. 92)
Cauquelin traz a discussão o “estilo” de Warhol,
um publicitário que percebe que a arte é apenas mais um meio de mercado,
abandona a estética, se infiltra na rede de comunicação da arte, usa a
repetição ou tautologia e paradoxalmente vende um produto que é ele mesmo.
Caracteriza o artista Warhol em:
O percurso sonhado por Andy
Warhol – passar do status de artista comercial ao de artista de negócios – está
completo. No caminho, fechou-se também a definição de arte contemporânea – fora
da subjetividade, fora da expressividade – na qualidade de sistema de signos
circulando dentro das redes. Definição estrita, quase insuportável em seu
rigor. (CAUQUELIN, 2005, pág. 120)
O terceiro embreante que Cauquelin discuti é o
galerista Castelli, que viu na arte um ótimo investimento, um mercado
promissor. Castelli pensa em alguns meios de como entender o mercado: manter-se
informado sobre o que se passa no meio da arte mundial; deve-se ter um consenso
entre galeristas, críticos, imprensa e envolvidos no meio; a associação de seu
nome ao artista, eleva seu status e consequentemente seu nome; e elevar os
artistas à um nível internacional. A autora cita a compreensão de Castelli:
Assim, Leo Castelli compreendeu a
lição das redes: não se pode ter apenas um, é preciso que eles todos se
misturem e que se cubram uns aos outros As
redes mundanas (mostrar-se em toda parte, estar em todos os eventos) têm
tanta inportância quanto as redes
mediáticas (sua cobertura é indispensável), e estas são, definitivamente, redes comerciais. (CAUQUELIN, 2005, pág. 125)
A crítica de arte, Anne Cauquelin expõe estes
agentes do meio, por agregarem em suas ações, características do que ainda
estava por vir e por serem nomes que ainda hoje causam impacto, pois,
justamente é esta dualidade entre moderno e contemporâneo, a ruptura que
permeia todos eles, esses embreantes.
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