segunda-feira, 30 de julho de 2012

Do iluminismo aos movimentos contemporâneos

ARGAN, Giulio Carlo. Clássico e Romântico. In: Arte Moderna: Do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
 
O crítico e ensaísta italiano Giulio Carlo Argan nasceu em Turim, na Itália, em 1909, e morreu em Roma, em 1992. Contextualizando a arte com o momento histórico, Argan procura dar sentido aos movimentos artísticos. Deixou vários escritos como: Arte Moderna (1992), A Arte Moderna na Europa (2010), Clássico Anticlássico (1999) e Imagem e Persuasão (2004) A ARTE MODERNA NA EUROPA (2010) - Autor
IMAGEM E PERSUASÃO (2004) - Autor
CLÁSSICO ANTICLÁSSICO (1999) - Autor
ARTE MODERNA (1992) - Autor
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No capítulo “Clássico e Romântico” do livro “Arte Moderna: Do iluminismo aos movimentos contemporâneos”, Argan aborda dois conceitos de arte, o clássico e o romântico, ora numa relação dialética, ora de antítese, porém sempre atrelados ao momento histórico e cultural.

Segundo Argan, aproximadamente da metade do Séc. XVIII até a metade do Séc. XIX se estende pela Europa dois movimentos: o Neoclassicismo (1780-1830) e o Romantismo (1830-1850). Nesse momento histórico o artista conquista sua autonomia. Sua atividade, agora de ordem primária, não é mais considerada como conhecimento do real, de trasncendência religiosa ou exortação moral, porém o artista se declara contemporâneo de seu tempo e contextualiza sua obra com o momento histórico. Como no trecho:


A cesura na tradição se define com a cultura do Iluminismo. A natureza não é mais a ordem revelada e imutável da criação, mas o ambiente da existência humana; não é mais o modelo universal, mas um estímulo a que cada um reage de modo diferente; não é mais a fonte de todo o saber, mas o objeto da pesquisa cognitiva. [...] (ARGAN, 1992, pág. 12)
 

Argan aponta aspectos das diretrizes que permeavam esses dois movimentos. No caso do Neoclássico, o autor situa o acontecimento no Iluminismo, a Revolução Francesa. A razão torna-se parâmetro para a arte, assim como um ideal de belo da cultura greco-romano. Mitifica-se o herói dessa realidade histórica, o crescimento das cidades afirma o conceito de sociedade. Sociedade que discute a mímese, a moral e lança suas percepções de forma objetiva, uma busca na natureza pelo belo e sublime, que evoca imperfeições e assimetria do pitoresco. Descreve em:


[...] O “pitoresco” se exprime em tonalidades quentes e luminosas, com toques vivazes que põem em relevo a irregularidade ou o caráter das coisas. O repertório é o mais variado possível: árvores, troncos caídos, manchas de gramas e poças de água, nuvens móveis no céu, choupanas de camponeses, animais no pasto, pequenas figuras. [...] (ARGAN, 1992, pág. 19)


No Romantismo, Argan do mesmo modo que trata o Neoclassicismo, não o isola do contexto de sua época que ainda tem como pano de fundo o cenário da Revolução Francesa, a burguesia, a Revolução Industrial que traz a tona discussões sobre a técnica. Repercurte na arte um ideal, o “eu” que não se sujeita a igreja, mas que valoriza sua pátria. A retomada do antigo também faz sua presença, só que na arquitetura com o gótico. O artista busca recolhimento e reflexão contrários à alienação, o que faz juz a esse período onde a razão é primordial. Para o artista romântico o sublime na natureza é um ambiente hostil e misterioso que representa subjetivamente. Descreve em:


[...] O “sublime” é visionário, angustiado: cores às vezes foscas, às vezes pálidas; desenho de traços fortemente marcados; gestos excessivos, bocas gritantes, olhos arregalados, mas a figura sempre fechada num visível esquema geométrico que a aprisiona e anula seus esforços. (ARGAN, 1992, pág. 19)


Ambos os movimentos apresentam características semelhantes, o que torna difícil defini-los claramente, principalmente as definições de pitoresco que é um intermediário entre as ideias do sublime e do belo. De acordo com (ARGAN, 1992, pág. 20), “[...] mas ambas as poéticas se completam, e na sua contradição dialética refletem o grande problema da época, a dificuldade da relação entre indivíduo e coletividade. [...]”.

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1 – Companhia das Letras. Giulio Carlo Argan. Disponível em http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00018, acesso em 07 Nov. 2011.

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