FABRIS, Annateresa. Arte Moderna: Algumas Considerações. In: Bibliografia Comentada – Arte
Moderna. Annateresa Fabris; Silvana Zimmermann. São
Paulo: Experimento, 2001.
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Annateresa Fabris é professora titular na USP
(Universidade de São Paulo) e possui um vasto conhecimento sobre os temas: fotografia,
surrealismo, pintura, Portinari e modernidade. Academicamente possui graduação em
História pela USP (1969), mestrado
em Artes pela USP (1977) e doutorado em Artes pela USP (1984). 1
No capítulo “Arte Moderna: Algumas Considerações”
do livro “Bibliografia Comentada – Arte Moderna”, Fabris aborda os conflitos da
Arte Moderna, tratando principalmente do Impressionismo e esse novo momento da
arte contextualizado com a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e os
ideiais filosóficos e científicos da época.
Segundo Fabris, a Revolução Francesa (1789) e a
Revolução Industrial (1874) são a base da atitude autônoma da arte. Essas
revoluções desencadearam transformações principalmente na visão de mundo do ser
humano, agora cercado por máquinas que produzem numa grande velocidade, girando
as engrenagens do capitalismo para manter o estado burguês. Explica em:
[...] A vida social torna-se
essencialmente mutação; os costumes e a cultura tradicional entram em colapso,
confrontados com o fenômeno da moda, com a negação das experiências anteriores,
com a radicalização das posturas políticas, fontes de conflitos e de lutas. (FABRIS,
2001, pág. 16)
Fabris aponta as mudanças na concepção de uma obra
de arte e o efeito ocasionado por tais mudanças. Para alguns artistas, a
legitimidade com aquilo que vê não é mais o que importa, a arte passa a tratar
dela mesma e deixa o público chocado, suscitando críticas apoiadas em teorias
sociais, como a Teoria da Degenerescência de Max Nordau em que afirma que os
artistas constituem um perigo para a sociedade. Conforme:
[...] os degenerados não deveriam
ser procurados apenas entre os criminosos, as prostitutas, os anarquistas e os
lunáticos, mas também entre os “autores” e os “artistas”. Se o artista quisesse
salvar-se deveria abraçar a lógica das ciências naturais, pois elas apontavam o
caminho para a conservação e para o bom uso da energia (Mentiras aceitas sobre a nossa civilização, 1883). [...] (FABRIS, 2001,
pág. 20)
A partir disso, Fabris distingue duas vertentes de
arte: o Realismo Burguês ou Pintura Pompier,
apoiado nas regras e preceitos clássicos, embasada na linha; e o
Impressionismo, anti-clássico, científico, representante da grande ruptura
linear e não-emotivo. Então, haviam os que se acomodavam no aconchegante passado
e aqueles que se lançavam para o desconhecido futuro, ou melhor, que vivenciaram
o tempo de mudanças que estava ocorrendo. Define:
[...] O Impressionismo da pintura
pompier é o avesso especular das
pesquisas de Monet e de seus companheiros. Se estas o que importa é a tradução
de uma nova percepção de luz, que faz desvanescer as formas, dissolve o mundo,
converte tudo em reflexo, o ar livre da pintura pompier exibe formas sólidas e lineares, como que para confirmar
uma realidade estável e harmoniosa, mesmo encenada e teatral. (FABRIS, 2001,
pág. 22)
Arte, ciência e política sempre caminharam juntas
e o capítulo “Arte Moderna: Algumas Considerações” do livro “Bibliografia
Comentada – Arte Moderna” da Annateresa Fabris traz à tona toda essa
movimentação referente à um tempo/espaço que serviu de estopim para revoluções
vanguardistas a posteriori.
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1 – Companhia das Letras. Giulio Carlo Argan. Disponível em http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00018, acesso em 07 Nov. 2011
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