terça-feira, 31 de julho de 2012

Arte no Brasil 1950-2000: Movimentos e Meios

COSTA, Cacilda Teixeira da. Arte no Brasil 1950-2000: Movimentos e Meios. São Paulo: Alameda, 2004.
Cacilda Teixeira da Costa vive em São Paulo. Doutora pela Universidade de São Paulo, Cacilda Teixeira é especialista em arte moderna e contemporânea no Brasil. Dentre as atividades que exerceu, destacam-se: coordenadora do setor de vídeo-arte Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Curadora do setor de vídeo-arte na XVI Bienal de São Paulo, Chefe de programação da Divisão de Artes Plásticas do Centro Cultural São Paulo, Diretora técnica Museu de Arte Moderna de São Paulo, Curadora independente de várias exposições; Consultora das séries “Arte e Matemática” e “Grandes Mestres” na TV Cultura São Paulo; co-autora de “Todo passado dentro do presente” série de programas para televisão. Autora de várias obras como “O sonho e a técnica, Arquitetura de ferro no Brasil”- vencedor do Prêmio Jabuti 1995. 1

O capítulo “Novas Figurações / Pop Art” do livro “Arte no Brasil 1950-2000: Movimentos e Meios” da escritora Cacilda Teixeira da Costa trata do surgimento do Pop Art no ano de 1950 na Inglaterra. Porém foi em Nova York que a Pop Art se destacou, se espalhando pelo Estados Unidos e dai para o mundo. Em 1963 e 1965, a Pop Art chega ao Brasil pelo movimento argentino Otra Figuración que com duas exposições no Rio de Janeiro semearam uma “semente” que criaria características únicas em nosso país.
Segundo Cacilda Teixeira da Costa, a Pop Art chega num momento que a arte estava extremamente individual e subjetiva. A Pop Art trouxe a figuração de volta a cena, evocando o imaginário do povo, principalmente do sujeito de classe média urbana. Cita em:

[...] Longe de ser uma representação realista dos objetos e conteúdos, mostrava a interação do homem com a sociedade por meio de sua relação com as linguagens, isto é, com as formas de transmissão dos conteúdos socias pela mídia. (COSTA, 2004, pág. 24)

Nos Estados Unidos a Pop Art usa dos meios de comunicação de massa, como os quadrinhos, o cinema, bandeiras, embalagens e objetos do cotidiano, para estabelecer uma relação com a sociedade da época, retratam o consumismo e o poder da mídia. No Brasil a Pop Art absorveu outras vertentes por causa do momento político do país, a ditadura. Explica em:

[...] No Brasil, por exemplo, a volta à figuração teve muitos matizes. Sofreu influência das produções concreta e neoconcreta que a precederam e demonstrou, principalmente depois de 1964, uma conexão profunda com o momento político e social do país, desvinculando-se da Pop art norte-americana. (COSTA, 2004, pág. 24 e 25
A Pop Art Brasileira foi uma experiência que mudou o uso do materiais e a poética de muitos artistas naqueles “anos de chumbo”. Artistas de diferentes vertentes se uniram numa única causa, cada qual ao seu modo de se expressar. Conforme:
Caracterizado estruturalmente pela dualidade entre uma força anárquica de negação, destruidora das formas existentes, e outra formadora, que tende a contruir novas organizações artísticas, o espírito pop teve um papel determinante na introdução de atitudes expressivas desse embate, como o uso de material pré-codificado, as apropriações, a ideia de interação com o público e uma evidente postura crítica. [...] (COSTA, 2004, pág. 25)
Na minha opinião, a Pop Art no Brasil foi inovadora no sentido de quebrar esteriótipos que os artistas tinham com relação a técnica e ao estilo. A liberdade criativa foi manifestada de forma única, a experimentação de novos materias e suportes superou em muito a Pop Art norte-americana.

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1 – Espaço de Cultura Contemporânea Escola São Paulo. Disponível em http://www.escolasaopaulo.org/quem/cacilda-teixeira-da-costa, acesso em 01 de Set. 2011.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Arte Moderna

FABRIS, Annateresa. Arte Moderna: Algumas Considerações. In: Bibliografia Comentada – Arte Moderna. Annateresa Fabris; Silvana Zimmermann. São Paulo: Experimento, 2001.

Annateresa Fabris é professora titular na USP (Universidade de São Paulo) e possui um vasto conhecimento sobre os temas: fotografia, surrealismo, pintura, Portinari e modernidade. Academicamente possui graduação em História pela USP (1969), mestrado em Artes pela USP (1977) e doutorado em Artes pela USP (1984) A ARTE MODERNA NA EUROPA (2010) - Autor
IMAGEM E PERSUASÃO (2004) - Autor
CLÁSSICO ANTICLÁSSICO (1999) - Autor
ARTE MODERNA (1992) - Autor
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No capítulo “Arte Moderna: Algumas Considerações” do livro “Bibliografia Comentada – Arte Moderna”, Fabris aborda os conflitos da Arte Moderna, tratando principalmente do Impressionismo e esse novo momento da arte contextualizado com a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e os ideiais filosóficos e científicos da época.

Segundo Fabris, a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Industrial (1874) são a base da atitude autônoma da arte. Essas revoluções desencadearam transformações principalmente na visão de mundo do ser humano, agora cercado por máquinas que produzem numa grande velocidade, girando as engrenagens do capitalismo para manter o estado burguês. Explica em:

[...] A vida social torna-se essencialmente mutação; os costumes e a cultura tradicional entram em colapso, confrontados com o fenômeno da moda, com a negação das experiências anteriores, com a radicalização das posturas políticas, fontes de conflitos e de lutas. (FABRIS, 2001, pág. 16)

Fabris aponta as mudanças na concepção de uma obra de arte e o efeito ocasionado por tais mudanças. Para alguns artistas, a legitimidade com aquilo que vê não é mais o que importa, a arte passa a tratar dela mesma e deixa o público chocado, suscitando críticas apoiadas em teorias sociais, como a Teoria da Degenerescência de Max Nordau em que afirma que os artistas constituem um perigo para a sociedade. Conforme:

[...] os degenerados não deveriam ser procurados apenas entre os criminosos, as prostitutas, os anarquistas e os lunáticos, mas também entre os “autores” e os “artistas”. Se o artista quisesse salvar-se deveria abraçar a lógica das ciências naturais, pois elas apontavam o caminho para a conservação e para o bom uso da energia (Mentiras aceitas sobre a nossa civilização, 1883). [...] (FABRIS, 2001, pág. 20)

A partir disso, Fabris distingue duas vertentes de arte: o Realismo Burguês ou Pintura Pompier, apoiado nas regras e preceitos clássicos, embasada na linha; e o Impressionismo, anti-clássico, científico, representante da grande ruptura linear e não-emotivo. Então, haviam os que se acomodavam no aconchegante passado e aqueles que se lançavam para o desconhecido futuro, ou melhor, que vivenciaram o tempo de mudanças que estava ocorrendo. Define:

[...] O Impressionismo da pintura pompier é o avesso especular das pesquisas de Monet e de seus companheiros. Se estas o que importa é a tradução de uma nova percepção de luz, que faz desvanescer as formas, dissolve o mundo, converte tudo em reflexo, o ar livre da pintura pompier exibe formas sólidas e lineares, como que para confirmar uma realidade estável e harmoniosa, mesmo encenada e teatral. (FABRIS, 2001, pág. 22)

Arte, ciência e política sempre caminharam juntas e o capítulo “Arte Moderna: Algumas Considerações” do livro “Bibliografia Comentada – Arte Moderna” da Annateresa Fabris traz à tona toda essa movimentação referente à um tempo/espaço que serviu de estopim para revoluções vanguardistas a posteriori.

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1 – Companhia das Letras. Giulio Carlo Argan. Disponível em http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00018, acesso em 07 Nov. 2011

Do iluminismo aos movimentos contemporâneos

ARGAN, Giulio Carlo. Clássico e Romântico. In: Arte Moderna: Do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
 
O crítico e ensaísta italiano Giulio Carlo Argan nasceu em Turim, na Itália, em 1909, e morreu em Roma, em 1992. Contextualizando a arte com o momento histórico, Argan procura dar sentido aos movimentos artísticos. Deixou vários escritos como: Arte Moderna (1992), A Arte Moderna na Europa (2010), Clássico Anticlássico (1999) e Imagem e Persuasão (2004) A ARTE MODERNA NA EUROPA (2010) - Autor
IMAGEM E PERSUASÃO (2004) - Autor
CLÁSSICO ANTICLÁSSICO (1999) - Autor
ARTE MODERNA (1992) - Autor
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No capítulo “Clássico e Romântico” do livro “Arte Moderna: Do iluminismo aos movimentos contemporâneos”, Argan aborda dois conceitos de arte, o clássico e o romântico, ora numa relação dialética, ora de antítese, porém sempre atrelados ao momento histórico e cultural.

Segundo Argan, aproximadamente da metade do Séc. XVIII até a metade do Séc. XIX se estende pela Europa dois movimentos: o Neoclassicismo (1780-1830) e o Romantismo (1830-1850). Nesse momento histórico o artista conquista sua autonomia. Sua atividade, agora de ordem primária, não é mais considerada como conhecimento do real, de trasncendência religiosa ou exortação moral, porém o artista se declara contemporâneo de seu tempo e contextualiza sua obra com o momento histórico. Como no trecho:


A cesura na tradição se define com a cultura do Iluminismo. A natureza não é mais a ordem revelada e imutável da criação, mas o ambiente da existência humana; não é mais o modelo universal, mas um estímulo a que cada um reage de modo diferente; não é mais a fonte de todo o saber, mas o objeto da pesquisa cognitiva. [...] (ARGAN, 1992, pág. 12)
 

Argan aponta aspectos das diretrizes que permeavam esses dois movimentos. No caso do Neoclássico, o autor situa o acontecimento no Iluminismo, a Revolução Francesa. A razão torna-se parâmetro para a arte, assim como um ideal de belo da cultura greco-romano. Mitifica-se o herói dessa realidade histórica, o crescimento das cidades afirma o conceito de sociedade. Sociedade que discute a mímese, a moral e lança suas percepções de forma objetiva, uma busca na natureza pelo belo e sublime, que evoca imperfeições e assimetria do pitoresco. Descreve em:


[...] O “pitoresco” se exprime em tonalidades quentes e luminosas, com toques vivazes que põem em relevo a irregularidade ou o caráter das coisas. O repertório é o mais variado possível: árvores, troncos caídos, manchas de gramas e poças de água, nuvens móveis no céu, choupanas de camponeses, animais no pasto, pequenas figuras. [...] (ARGAN, 1992, pág. 19)


No Romantismo, Argan do mesmo modo que trata o Neoclassicismo, não o isola do contexto de sua época que ainda tem como pano de fundo o cenário da Revolução Francesa, a burguesia, a Revolução Industrial que traz a tona discussões sobre a técnica. Repercurte na arte um ideal, o “eu” que não se sujeita a igreja, mas que valoriza sua pátria. A retomada do antigo também faz sua presença, só que na arquitetura com o gótico. O artista busca recolhimento e reflexão contrários à alienação, o que faz juz a esse período onde a razão é primordial. Para o artista romântico o sublime na natureza é um ambiente hostil e misterioso que representa subjetivamente. Descreve em:


[...] O “sublime” é visionário, angustiado: cores às vezes foscas, às vezes pálidas; desenho de traços fortemente marcados; gestos excessivos, bocas gritantes, olhos arregalados, mas a figura sempre fechada num visível esquema geométrico que a aprisiona e anula seus esforços. (ARGAN, 1992, pág. 19)


Ambos os movimentos apresentam características semelhantes, o que torna difícil defini-los claramente, principalmente as definições de pitoresco que é um intermediário entre as ideias do sublime e do belo. De acordo com (ARGAN, 1992, pág. 20), “[...] mas ambas as poéticas se completam, e na sua contradição dialética refletem o grande problema da época, a dificuldade da relação entre indivíduo e coletividade. [...]”.

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1 – Companhia das Letras. Giulio Carlo Argan. Disponível em http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=00018, acesso em 07 Nov. 2011.

sábado, 28 de julho de 2012

Reflexões sobre Benjamin



Walter Benjamin
A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica


A aura da arte

Segundo Walter Benjamin, a arte possuía uma aura, devido a sua unicidade e o fazer manual. Com a chegada da fotografia e do cinema, entramos na era da reprodutibilidade que fez essa aura se perder, já que podemos reproduzir em massa, filmes e fotos.


A nova era

A fotografia e o cinema balançaram a estrutura do que é arte. Ao mesmo tempo em que abriram horizontes, trouxe à tona muita discussão. Influenciou a política e a arte, e criou uma nova cultura, novos hábitos. Mexeu com a moda e se tornou o melhor meio de comunicação com a massa.


Arte coletiva e dadaísmo

Numa discussão sobre o cinema, Benjamin aponta para suas características, principalmente de essa nova arte ser produzida como um trabalho coletivo. No dadaísmo, ele descreve as divergências com os antigos conceitos de arte, onde o fazer era fundamental, enquanto no dadaísmo insere-se na obra objetos feitos por outra pessoa. De certa forma, Benjamin discuti o que será a arte contemporânea. 

Reflexões sobre Rouillé


André Rouillé

Da Arte dos Fotógrafos à Arte dos Artistas



Relação Fotógrafo/Fotografia

A fotografia passa por três momentos:
1º - A fotografia é um registro documental.
2º - Criam-se doutrinas para capturar uma imagem que contenha uma essência, para provar que a fotografia é arte.
3º - A fotografia é apenas um meio para expressar uma ideia.


Relação Fotografia/Contexto

Caminhando ao lado da história, a fotografia se libertou à medida que o mundo se globalizava e caíam-se as “algemas” físicas e psicológicas.


Relação Fotografia/Causa e Consequência

Consequentemente a fotografia surge como um novo material no meio de tantos outros que agora sem barreiras, permitem a livre expressão na arte contemporânea.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Filosofia da Caixa Preta 2


Vilém Flusser
Filosofia da Caixa Preta: Ensaios para uma futura filosofia da fotografia – Cap. 5, 6, 7, 8 e 9


Ritual

As fotografias manipulam o receptor de acordo com o ritual que executa ao recebê-la, o que muda de acordo com a fotografia. Há fotografias com fins mercadológicos, fotografias jornalísticas, entre tantos outros tipos, mas todas servem a um sistema pré-definido pelo fotógrafo que a produz ou pela empresa  para que esse trabalha.


Troca de Valores

A humanidade criou as máquinas para que facilitassem suas vidas, porém as máquinas tornaram o ser humano dependente dessa tecnologia. Somos controlados por relógios, celulares, Tvs, entre outros aparelhos.   


Liberdade

A elaboração de uma filosofia fotográfica se faz necessária para o ser humano não virar um aparelho para as máquinas, e para que possa ser livre apesar de depender das mesmas, para viver com conforto e de forma racional.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Vivência nas cores: Inácio Rodrigues e as paisagens transfiguradas em suas obras litográficas

Resumo: De acordo com a norma 6028, este artigo foi concebido através de uma pesquisa com o intuito de fomentar o mercado de produções de artigos científicos voltados para a arte no Brasil, além de levar ao público uma fonte de conteúdo sério, promovendo a crítica e uma maior participação do componente que mais importa na arte, o público.

Palavras-chave: Inácio Rodrigues. Gravura. Litografia. Cor.

ABSTRACT: According to the 6028 standard, this article was designed by a research with the goal of promoting market oriented production of papers for art in Brazil, and to provide the public a source of serious content, promoting a critical and greater involvement of the component that matters most in art, the public.
KEYWORDS: Inacio Rodrigues. Engraving. Lithography. Color.

No vasto repertório artístico por onde Inácio Rodrigues permeia se utiliza visivelmente de um elemento marcante na composição de suas obras, a cor. E na litografia não é diferente, cria cenários impressionantes com forte uso da cromática, misturando figuras e abstrações, formas simétricas e assimétricas.
A dificuldade em encontrar obras literárias que esclareçam detalhadamente como anda a produção de litografia atual no Brasil, foi o impulso inicial para desenvolvimento deste artigo.
Como elemento que há anos fascina a humanidade, a cor proporciona de igual maneira os mesmos sentimentos a Inácio Rodrigues, que vê nas cores sua marca registrada.

Este artigo científico surge com o objetivo de tomarmos os primeiros conhecimentos de como conceber um trabalho acadêmico. Além de se aprofundar em assuntos de suma importância no processo de aprendizagem de um aluno de artes visuais. Pesquisar a litografia, suas dificuldades e facilidades; como outros artistas se comportam com a técnica e esclarecer o intenso uso da cor nos trabalhos litográficos de Inácio Rodrigues.
No cenário literário acadêmico há insuficiente estudo acerca da litografia e, especificamente, sobre as obras litográficas de Inácio Rodrigues. A pesquisa pode abrir novos horizontes com relação à cor e seu uso, além de divulgar uma técnica fascinante como é a litografia.
O artigo científico foi desenvolvido através de pesquisa embasada em fontes literárias, sites, e entrevistas com artistas e envolvidos na área.



1 A GRAVURA, A TÉCNICA E O ARTISTA

Desde tempos remotos, o homem fazia incisões nas paredes de suas cavernas. Em cerimônias ritualísticas criava cenas de caçadas onde acreditava pintar aquilo que iria caçar para comer no dia seguinte, já sonhava com arte sem ao menos ter criado ainda tal palavra.
A palavra gravura deriva da palavra de origem grega “graphein”, cujo significado é escrever ou desenhar, num sentido amplo é a transposição de formas e linhas para superfícies planas, já num mais restrito, se define como linhas, tramas e desenhos feitos sobre material específico com a finalidade de reprodução de imagens. Conforme (FERREIRA, 1977, p. 15):
Gravura é a arte de transformar a superfície plana de um material duro ou, às vezes, dotado de alguma plasticidade, num condutor de imagem, isto é, na matriz de uma forma criada para ser reproduzida certo número de vezes. Deve para isso a placa ou prancha desse material ser trabalhada de modo a somente transmitir ao papel (que é o suporte de reprodução mais geralmente empregado), por meio da tinta (o elemento “revelador”), e numa operação de transferência efetuada mediante pressão, parte das linhas e/ou zonas que estruturam a forma desejada. Deixa-se então o branco (ou à cor) do papel realizar ativamente a sua contraparte na ordenação e surgimento da imagem integral e autônoma que se chama estampa. (apud. FELIZ, 2010)

Dentre os processos de gravar, temos a litografia, técnica que consiste basicamente em desenhar sobre uma pedra litográfica com materiais gordurosos, tratar a pedra com química e água, e a impressão da imagem é feita através de prensa litográfica.
Litografia vem do grego lithos, “pedra” e graphein, “escrever”, sua história começa na Bavária com Aloys Senefelfer (1771-1834), dramaturgo que com a ideia de imprimir de modo barato suas peças de teatro, cria a litografia no séc. XVIII. A técnica permite resultados diversos dependendo do material utilizado que podem proporcionar diferentes aspectos. Como é descrito na Enciclopédia Itaú Cultural o off-set:
Processo de impressão utilizado na indústria gráfica e inventado em 1799, pelo alemão Aloys Senefelder, como uma forma mais refinada da litografia. A impressão é indireta, ou seja, a transferência de imagens ocorre de uma superfície para outra através de uma terceira superfície intermediária. As chapas utilizadas são metálicas e flexíveis, feitas fotograficamente, de alumínio, aço inoxidável ou papel processado, e projetadas para envolverem um cilindro de borracha, responsável pela imagem final. (ITAÚ CULTURAL, 2005)

A litografia chega ao Brasil com o trabalho de Arnold Julian Pallière. Em 1819 jornais do Rio de Janeiro começam a publicar anúncios relativos a técnica que só é introduzida oficialmente, por assim dizer, em 1825 pelo suíço Jacob Steimann. E a litografia logo ganhava forma no Rio de Janeiro, como descreve Marcelo Frazão em:
Nas décadas seguintes era cada vez maior o número de oficinas litográficas instaladas no Rio de Janeiro. Esses estabelecimentos atendiam a toda espécie de encomendas, executando estampas artísticas, marcas comerciais, planos de arquitetura, mapas, faturas, etc. Vendiam também os materiais necessários à litografia e alugavam as pedras litográficas aos artistas que trabalhavam em suas residências e ateliers. A formação de novos gravadores e litógrafos era feita nas próprias oficinas, embora constasse nos estatutos da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. (ATELIER VILLA OLIVIA, 1998)

Em 1966, chega ao Rio de Janeiro, Inácio Rodrigues, artista nascido em Espraiado, região de Aracajú no Estado do Ceará em 31 de Julho de 1946. Aos 12 anos pintava os muros de sua casa, na falta de onde executar seu talento para a arte que já começava a brotar.

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 1: Inácio na Galeria Mutante


Com 13 anos, a convite de seu tio João Guida, viaja a bordo da escuna “Tarcísio”, navegando por rios e mares, Inácio Rodrigues, percorre o norte e o nordeste do Brasil, e países da América Latina.
Depois de um tempo, Inácio resolve deixar o tio e traçar seus próprios rumos em direção a arte, vai de circense à pintor de igrejas, roda o Brasil e chega ao Rio de Janeiro aos 19 anos, com a bagagem artística dos amigos que lhe ajudaram pelo caminho. Cita Geraldo de Andrade em:
Foi nesse Rio ainda contagiado pelo poder que Inácio Rodrigues chegou com a cara e a coragem. Fixou-se em Jacarepaguá. Ele já ouvira falar da Escola Nacional de Belas Artes, situada em pleno centro da cidade, próxima a Cinelândia, onde se concentrava a maioria dos teatros e cinemas cariocas. (ANDRADE, 2009, p. 27)
Na Belas Artes vira auxiliar de seu conterrâneo João de Souza Sobrinho, a partir disso começa a assistir aulas como aluno ouvinte, onde adquiri experiência, tanto teórica como na prática, participa de salões e recebe vários prêmios, se tornando um grande conhecido no mundo das artes. E enfim Inácio começa a ter contato com a arte gravada, conta Geraldo de Andrade em:
Tendo se aproximado do excelente gravador Darel, demonstrou inusitado interesse pela gravura e suas técnicas, mormente xilo, relevo e lito – que depois iria desenvolver mais seriamente na Escolinha de Arte do Brasil.
Estavam fincadas as bases para outro meio de expressão que, posteriormente, Inácio Rodrigues seria um mestre: a arte gravada, em particular a litografia. (ANDRADE, 2009, p. 37)
No ano de 1960 chega ao Brasil o artista plástico Kenichi Kaneko, remanescente do Grupo Seibi, fundado por artistas japoneses como Tomie Ohtake e Manabu Mabe. Em 1968 faz uma exposição individual no Rio de Janeiro. O ator e artista plástico conhece neste momento Inácio Rodrigues, conforme entrevista:
Inácio Rodrigues é meu amigo há quase 40 anos. Um pintor de muitas experiências que também tem trabalhos de gravura. Trabalhando no atelier de gravuras tem xilogravura, serigrafia e litografia. Além da sua pintura e desenhos, e mais...
Uma das grandes características da “Gravura” são os múltiplos processos para preparar a matriz. Muita técnica artesanal, como todas as artes que precisam desta grande capacidade artística do Artista. Às vezes é difícil o processo e fascinantes resultados, poucas pessoas chegam a realizar e produzir uma obra que se chama tiragem, o imprimir. Inácio é um dos vencedores artísticos neste ramo. (KANEKO, 2011)

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 2: Kaneko



2 LITOGRAFADO NA ARTE

Nas obras de Inácio Rodrigues observamos como elemento compositivo principal, a cor, na grande maioria, em sua forma mais pura que fazem suas obras ser facilmente reconhecidas e constituem sua marca e personalidade, fato que se relaciona com sua vida e seus percursos, como conta em entrevista Inácio Rodrigues:
A cor para mim é interessante porque eu sou um pintor, na verdade comecei minha história de arte assim, como um artista plástico pintor, e a litografia, a gravura, veio depois. Muita gente acha que Inácio Rodrigues é apenas um gravador, mas sou pintor realmente. Minha história pictórica é: nos anos 60 fazia um trabalho social com a figura humana, depois esta figura humana se transformou em grandes paisagens espaciais e mais tarde esta paisagem espacial deu origem a uma pintura ecológica, isto há muitos anos atrás, no tempo em que nem se falava em ecologia, entre 67 e 69. Modéstia a parte tenho um domínio colorista muito interessante e acabo brincando bastante com a cor. Então tem as memórias da minha infância, pois, nasci no Ceará na região do Jericoacoara, Aracajú, lá no final, na divisa do Ceará com o Piauí e lá a cor é o sol, é a luz. Passei parte da minha, infância e toda minha adolescência viajando de barco, então a cor, estas memórias coloristas, viajei muito pelo Rio Amazonas, fui para a Espanha, então esta questão da cor, é minha vivência mesmo, no Nordeste, na caatinga eu uso bastante a cor. (RODRIGUES, 2011)
Sua forma expressiva, torna suas obras facilmente identificáveis, devido a autenticidade de como trabalha as cores, não passando despercebido, como conta a artista plástica Gersey Pinheiro Cruz. Conforme:
Tantos grandes artistas falaram belamente sobre as “litos” de Inácio. Eu sou grande admiradora de suas gravuras, as cores se entrelaçam numa harmonia que só os grandes artistas conseguem realizar. A composição que ele cria é inconfundível . Ele é um expert em tudo isso. (CRUZ, 2011)


Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 3: Gersey Pinheiro


 Inácio Rodrigues desenvolve tanto a pintura, como a litografia, sendo que na pintura dá ênfase a uma qualidade pictórica e na litografia, uma qualidade gráfica. Ambas as técnicas ele trabalha de formas distintas, tirando melhor proveito da matéria que manuseia. Os temas que usa também diferem de acordo com a técnica, esclarece em:

Na litografia desenvolvo uma coisa bucólica, uma brincadeira que faço independente de fase da pintura. Você vê a qualidade da litografia de ponta à ponta e o jeito de pintar, a marca, o logo da minha qualidade pictórica, ele existe. Se vires uma gravura minha em qualquer lugar, vai reconhecer meu trabalho, isto que é interessante para um profissional. Eu não gosto de copiar nada de ninguém, nem lembrar, é difícil se livrar, mas tento fazer um trabalho o mais pessoal possível. Tenho uma série que se chama “Transfiguração da paisagem”, um tema ecológico muito interessante, uma brincadeira minha de ver a paisagem transfigurada, esta coisa facetada, a passagem do dia até a noite, uma transfiguração da paisagem. (RODRIGUES, 2011)

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 4: Signo




Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 5: Verão



Kenichi Kaneko descreve com um olhar crítico a obra de Inácio Rodrigues em:

A arte de Inácio Rodrigues tem inferência com a filosofia que estava nascida na década 60 no Brasil. A arte da era pós Modernismo, Vanguarda, pré espacial e Abstracionista, Fantasia e Sonho, inspiração no Futurismo. Que vem trazendo da infância a raiz do Povo Brasileiro. Primitivismo. Que tem além de tudo Luiz Inácio Rodrigues. (KANEKO, 2011)

Em suas obras litográficas, Inácio Rodrigues, ora opta por técnica mista ora puramente por litografia. “Eu transformo-a num original, já é uma litografia, mas daí coloco um pouco mais de acrílico ou tinta litográfica mesmo e vira um original, fica uma técnica mista mesmo”, descreve (RODRIGUES, 2011).
Além do desgaste do tempo sobre uma peça em litografia, a mesma já se degrada antes mesmo de ser feita. Como é feita em papel importado, ele chega ao Brasil com alguns problemas, pois, vem armazenado nos porões dos navios, o que leva a manifestação de fungos no papel. Inácio enfatiza a má conservação do papel e as possibilidades de restauro de uma obra litográfica em:
O papel dá muito fungo às vezes, quando é mal engordurado, mal conservado, então tem que ser tratado como “papel moeda”. Você tem que conservar, tem que pôr o papel litográfico entre dois papeis PH. A restauração é fácil, há um processo de lavagem de papel, qualquer papel se restaura, ao não ser se o artista coloca aquarela junto com litografia, isto é difícil de restaurar por que na lavagem a aquarela sai junto, mas tem o trabalho com tinta. Você pode fazer uma litografia em preto e branco, e colorir com a própria tinta litográfica, o que facilita uma série de impressões, faz-se um monoprint, como chamamos, um trabalho preto e branco, mas com cores, vira quase um original. (RODRIGUES, 2011)

A litografia no cenário da arte contemporânea possui ampla aceitação entre os artistas, com gravadores que utilizam a técnica em países como: Londres, Inglaterra, Cuba, Venezuela, Argentina, Uruguai e em todo o mundo difunde-se esta técnica, descreve Inácio em:
Porque a litografia é a “menina dos olhos” do artista plástico, ele têm uma facilidade e qualidade de impressão que você grafia na pedra o que quiser e obtêm um resultado fantástico. É uma técnica que qualquer artista tem que conhecer. O artista não pode dizer que é um artista plástico se não conhece uma técnica litográfica, uma xilogravura, uma técnica em metal. Qualquer artista sério, você fala sobre litografia, ele sabe que é feito sobre pedra; fala sobre silkscreen ele sabe que é sobre uma tela de seda, a serigrafia que é muito difundida no mundo inteiro. A gravura em metal tem determinadas técnicas dentro da própria gravura que é o talho-doce, a ponta-seca, a água-forte, a água-tinta, são especificidades de técnicas, de qualidades da gravura, já na litografia não tem. Ela é plana mesmo e você dá claros e escuros, trabalha com cores também. Cada litografia colorida, cada cor é uma pedra, só no caso de ter um dégradé se coloca duas a três cores numa mesma pedra, separadas com rolo de tinta, mas normalmente cada litografia tem uma pedra para cada cor. (RODRIGUES, 2011)


3 O TEMPO DA LITOGRAFIA

A litografia de um modo geral não é uma técnica barata, pois depende de uma prensa que é rara no Brasil, encontrada na maioria das vezes em ferro velho. No início do Brasil, os italianos e portugueses de gráficas do Cambuci utilizavam muito a litografia impressas em caixas de cerveja e sabão. Explica em:
Então a litografia é cara realmente, a Convenção de Genebra diz que você tem que imprimir em papel bom, de qualidade, de preferência um Fabriano é claro que temos papeis similares, trabalhos em papeis nacionais, mas normalmente se imprime em papeis importados para fazer uma gravura de alto nível, para chegar no mundo inteiro. A litografia tem diversos preços em todo o mundo, ela é maravilhosamente conhecida e respeitada, os grandes colecionadores fazem questão de ter litografia, Picasso também fez muita litografia. Só no Brasil que a litografia foi bastante difundida, mas o mercado de arte como é meio complicado, perverso um pouco, acaba deixando a litografia de lado, até por uma falta de esclarecimento dos colecionadores, dos historiadores, críticos de arte, porque a litografia antigamente era usada para ilustrar livros, todos tinham grandes litógrafos que ilustravam, por exemplo Darel Valença ilustrou muitos livros dos anos 50. (RODRIGUES, 2011)

Pensando nos prós e contras das técnicas de gravura, na maioria podem ser desenvolvidas em seu próprio atelier, já a litografia depende de uma grande prensa que é bastante pesada. Discorre sobre o tema o artista:

Ainda tem a questão dessas pedras que são raras e não são fáceis de encontrar, às vezes até se encontra nessas grandes lojas de materiais de construção ou ferro velho, você encontra pedras litográficas que muitas vezes ainda contêm as impressões antigas, as marcas dessas impressões, mas a litografia tem esta questão da dificuldade da técnica, pois depende de toda uma técnica de aste, Carborundum, enfim uma técnica que poucas pessoas conhecem para chegar a uma impressão final. (RODRIGUES, 2011)
Com relação ao futuro da litografia, há diversas opiniões sobre o assunto, porque é difícil afirmar que algo vai acabar diante do cenário inconstante da arte contemporânea e o vai e vem de tendências que percorrem a história em todas as suas ramificações. Contudo comenta:
A litografia vai ser difundida, porque quem tem um espaço litográfico, os professores querem ensinar para os novos alunos que surgem, novas pessoas interessadas em arte e tem que conhecer esta. Mas, com o advento da tecnologia de informação, hoje tem a impressão chamada Giclê, que é a litografia feita em impressão digital, que consiste em fazer um original, escaneiar e imprimir em grandes dimensões, com altíssima qualidade, sem deixar a desejar nada para a litografia original, realmente ela alcança um gabarito incrível. Hoje nos EUA, o Giclê é caríssimo e todos os artistas também fazem porque substituiu a litografia, realmente a tendência é desaparecer porque é uma coisa raríssima, está em extinção, tanto a pedra, quanto os interesses, os impressores. Enfim, como outra profissão qualquer, nesta área do artesanato, porque se trata quase de um artesanato, ela realmente fica extinta. (RODRIGUES, 2011)

Fonte: Luiz Fernando Bueno
Fotografia 6: Inácio Rodrigues


Gersey P. Cruz se posiciona otimista com relação a difusão da litografia nos próximos anos, como opina em:
Sabemos que as técnicas que utilizam o papel como suporte, não são muito bem aceitas no Brasil. Mas acho que a “lito” apesar de ser uma técnica complicada (uso de pedra já em extinção) continuará sendo seguida por artistas de outros países. (CRUZ, 2011)



CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cor realmente dialoga de forma impressionante com a vida da pessoa e por tudo que ela passa, vive, aprende, capta com sua “câmera ocular” um pequeno retrato do mundo, que carrega em seu bolso para sempre, uma fotografia que vai sofrendo intervenções ao longo do tempo, ganhando ou perdendo cor de acordo com o indivíduo que a carrega. Dissociar a cor desta relação é praticamente impossível numa hipótese do indivíduo externar aquilo que realmente é, sem hipocrisias ou distorções de si mesmo, a cor provavelmente vai representar ligações a suas vivências.
Nossa lembrança visual e cultural determina nossa visão de mundo e como o pintaremos, fortes impressões marcam e as mesmas se manifestam de diferentes formas na arte.

Inácio Rodrigues é com certeza um grande artista, seja na pintura ou na gravura, como os encarcerados, quebra suas grades e dá de cara com um mundo degradado, um meio ambiente corrompido pela humanidade, mas vê esperança em sonhos metafísicos e espaciais.
Agora se a litografia vai desaparecer ou não, podemos ficar por hora com uma opinião do artista plástico Kenichi Kaneko. Conforme:

A arte é uma das mais antigas da humanidade e que mais futura o constante gesto espiritual do humano. Obra que registra o rastro da viagem sentimental e filosófica. O mais importante trabalho manual, que traga o calor pessoal de cada artista, e imortaliza. (KANEKO, 2011)



REFERÊNCIAS

A GRAVURA CONTEMPORÂNEA. Entrevista com Kenichi Kaneko, dia 31 mai. 2011.

ANDRADE, Geraldo Edson de. Inácio Rodrigues – Navegador de Espaços. 1. Ed. São Paulo: Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, 2009. – (Resgatando Cultura: v. 4)

ATELIER VILLA OLIVIA. Breve Histórico da Litografia no Brasil. Texto de Marcelo Frazão. Rio de Janeiro, 1998. Texto do Catálogo da Exposição Litografia 200 anos. Disponível em HTTP://www.ateliervillaolivia.com/lito/brevehist, acesso em 17 mai. 2011.

GERSEY PINHEIRO. Fotografia 3. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

INÁCIO, A LITOGRAFIA E A COR. Entrevista com Inácio Rodrigues, dia 20 mai. 2011.

INÁCIO NA GALERIA MUTANTE. Fotografia 1. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

INÁCIO RODRIGUES. Fotografia 6. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

ITAÚ CULTURAL. Litografia. Atualizado em 30 Ago. 2010. Disponível em http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5086, acesso em 17 mai. 2011.

KANEKO. Fotografia 2. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

PORTAL OLHO LATINO. Breve Histórico da Gravura. Organizado por Júlio Feliz, 11 Nov. 2010. Disponível em http://www.olholatino.com.br/site/images/conteudo/historico.pdf, acesso em 17 mai. 2011.

O ARTISTA E OUTROS OLHARES. Entrevista com Gersey Pinheiro Cruz, dia 30 mai. 2011.

SIGNO. Fotografia 4. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.

VERÃO. Fotografia 5. Fonte: Luiz Fernando Bueno. 2011.