quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Texto Indefinido Egocêntrico Descritivo

Sentado no corredor, lendo Dawkins ao som da sinfonia dos graves de motores da D. Pedro I, misturados as batidas base da velha geladeira enferrujada e os estridentes grasnidos que talvez sejam os últimos do pobre animal que agoniza à espera da morte.Foto: Márcio Marcelo Bueno

Além de sinos, cachorros, água gritando no cano da torneira e quem diria, um pássaro cantando às 3:00H da manhã.

Se escrevo este horário porque um pássaro não pode cantar? Afinal, não é tão surpreendente assim. Talvez o mais incrível seja a falta de atenção naquilo que leio, não controlar minha mente desvairada é uma perda de tempo.
Penso nas luzes natalinas que tocam meu teto toda noite e que provavelmente são as últimas coisas que vejo de olhos abertos, invadem meu quarto através da persiana e dançam notas de uma cantiga de ninar.
Gosto de uma recordação em especial, meu pai cantando uma música que falava de um homem indo a seu trabalho e ao descer do ônibus ou trêm, sua marmita sai rolando. Se alguém souber que música é esta, me diga, pois, os lábios que o cantaram jazem à sete palmos, abafados pela terra.
Terra, aprecio muito as pessoas simples, aquelas que me contam histórias lá meio do sertão, de carroças, cachorros humanos e pornochanchadas, uma simplicidade que para ouvidos astutos se tornam poesia.
Dormir, acho que hoje o farei ao som da sinfonia, uma marcha fúnebre, talvez o gato não sobreviva, mas torço pela vida, pois, seu contrário já me levou momentos que nunca existirão.

2 comentários:

  1. Amei Luiz, com certeza muito profundo! É magnífico a forma como vc sintetiza uma simples madrugada e transforma em algo tão poético. Acredito que esse é o segredo da felicidade: ver a beleza nas coisas simples da vida.
    Parabéns pelo seus textos, amo todos (e vc sabe q eu acompanho cada postagem sua!)

    ResponderExcluir

Comente, critique, opine.