sexta-feira, 1 de abril de 2011

A sombra que quebrou o relevo

300.000 Km/s, foi aproximadamente a velocidade do raio que fez partir o tédio e nascer a sombra. Inicialmente era pequena, estava deitada. Ao olhar ao redor, viu que havia várias como ela, de todos os tamanhos possíveis. Mesmo jovem sonhava em ser grande como suas irmãs, e quanto mais raios vinham, mais se alongava. Ao meio-dia estava com formas arredondas, equilibrada na linha do criador que emanava raios ininterruptamente, assegurando sua forma corpórea. Durante a tarde se divertiu tanto correndo pelos campos, se distorcendo no capim, mas eis que o inusitado acontece. Uma massa acinzentada se aproxima sorrateira, bloqueando sua fonte de definição. Naqueles minutos que mais pareceram uma eternidade, o tempo parou. Ou mesmo não mais existia, se sentiu num vácuo. Pela primeira vez sentiu a experiência da morte. Quando abriu os olhos, viu que a massa se afastava e refletiu sobre o fato. Pensou consigo que não era eterna, e que a ameaça de uma massa maior poderia extinguí-la para sempre. Passou a tarde angustiada com a descoberta, se viu deitada e percebia a cada minuto que menos raios sentia. No último raio, uma nova descoberta. Não se sabe como ou porquê, mas ela orou, pediu a alguém que supostamente a pudesse ouvir. Não havendo resposta, a luz se foi. Novamente no silêncio e não havendo outra saída, ficou a ouvir. Viu que eram suas irmãs que estavam ao seu lado, todas grudadas como se fossem uma. Sentiu-se confortada e percebeu que fazia parte de algo muito maior, e sorriu. Com o passar dos anos, conheceu muito. Percebeu que havia mais energias que a podiam alimentar, conheceu a energia vermelha que dançava sobre a brasa, conheceu mais esferas luminosas e pontos brilhantes, estáticos ou velozes, viu que mesmo com as massas cinzentas carregadas, ora ou outra, uma energia brotava do chão rasgando o céu. Embora o mais importante foi a descoberta da imaginação, com o qual viajou pelo universo com suas irmãs. Viu que sempre existiria de alguma forma, finalmente a sombra quebrou o relevo. Foto: espiritualidadeparatodos.blogspot.com

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