sexta-feira, 29 de abril de 2011

VIII Encontro de Verônicas

Vestes pretas e um canto triste são marcas das Verônicas e de seu encontro que já está em seu 8º ano. O evento que é organizado pela Núcleo Pé da Serra da Organização Paulista de Folclore rodou as cidades da região "Entre Serras e Águas" e encerrou o ciclo em Nazaré Paulista, no dia 17 de Março. Visando não deixar esta tradição tão antiga se perder, Lilian Vogel (Diretora do Museu João Batista Conti), Válter Cassalho (Pesquisador) e Neide Rodrigues (Vice-presidente da Comissão Paulista de Folclore) movimentaram esforços na documentação e organização do evento.

Neide Rodrigues se apresenta com o Coral de Joanópolis


Lilian Vogel coordena o encontro


Válter Cassalho dá uma palestra sobre As Verônicas


A Verônica não consta nos quadros das igrejas, somente nos evangelhos apócrifos uma mulher é citada, seu nome significa "Verdadeira Imagem", no grego chamam-a de Berenice e em muitos outros lugares o mesmo varia.Esta mulher que ao enxugar o rosto de Jesus, descobre a sua face, guarda o mesmo e um determinado momento vai até o imperador que estava com lepra e ao ver o pano cura-se milagrosamente. Depois do ocorrido o pano é guardado numa caixa e utilizado em momentos de grandes epidemias que a humanidade passou.





Latim do Séc. XII

Fazem-se cópias do sudário e a tradição se espalha e todo ano escolhia-se uma mulher do povo para representar a Verônica.

Durante a Reforma Protestante, a igreja acaba perdendo muitos fiéis e contra partida vê no Barroco com seu êxtase e imagens em movimento refletindo sofrimento, a salvação para o catolicismo, e a ideia das Verônicas é justamente esta, comover as pessoas.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ver e não ver


SACKS, Oliver. Um antropólogo em Marte: Sete histórias paradoxais. Companhia das Letras, São Paulo, 1995.



O londrino Oliver Sacks nasceu em 1933 e atualmente mora no EUA onde leciona no Albert Einstein College of Medicine (NY). Dentre seus livros estão: Tempo de despertar (que inspirou o filme homônimo com Robert de Niro e Robin Willians, e a peça A kind of Alaska, de Harold Pinter), Enxaqueca, O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, A ilha dos daltônicos e Vendo vozes.



Com sete histórias, o livro “Um antropólogo em Marte” fala de pessoas que pressionadas por situações-limites, podem ajudar-nos a compreender melhor o que somos. Segue abaixo a resenha do texto “Ver e não ver”, cap. 4, p. 123-164:



No capítulo “Ver e não ver”, o neurologista Oliver Sacks relata o paradoxal caso de um de seus pacientes que cego desde os 3 anos de idade, volta a enxergar aos 50. Com essa reviravolta o paciente Virgil, que até aquele momento só enxergava pelo tato e possuía apenas a noção de tempo, se encontra num processo de descoberta e por outro lado de sofrimento, pois, embora enxergue, seu cérebro não tem noção de espaço, só enxergando quando realmente toca objetos. Como não possui nenhuma memória visual, sua mente não distingue o que está vendo, vê cores, texturas, luzes, sombras, mas não sabe o que enxerga, “vê e não vê”.



O mundo que vemos não surgiu do nada à nossa frente, diferente do paciente Virgil, crescemos, experimentamos e conhecemos pouco à pouco nossa realidade através de todos os sentidos. Como cita (Sacks, 1995, p. 129):


Nós que nascemos com a visão mal podemos imaginar tal confusão. Já que, possuindo de nascença a totalidade dos sentidos e fazendo as correlações entre eles, um com o outro, criamos um mundo visível de início, um mundo de objetos, conceitos e sentidos visuais. Quando abrimos nossos olhos todas as manhãs, damos de cara com um mundo que passamos a vida aprendendo a ver.




“Era, antes, o comportamento de alguém mentalmente cego, ou agnósico -- capaz de ver, mas não de decifrar o que estava vendo.”, descreve (Sacks, 1995, p. 131), o comportamento de Virgil. Com a privação da visão, é natural que os outros sentidos agucem e o cérebro regule suas funções para obter melhor proveito da audição, tato, olfato e paladar, corroborando para uma inibição da parte de seu cérebro responsável pela visão.



A psicologia de Gestalt fala da questão “figura/fundo” e como assimilamos estas informações através das seguintes leis: pregnância, fechamento, similaridade ou semelhança, proximidade, continuidade e experiência passada. Não notamos esta percepção visual em Virgil, como relata (Sacks, 1995, p. 137):



Outros problemas se manifestaram ao longo do dia. Virgil pinçava detalhes incessantemente — um ângulo, uma quina, uma cor, um movimento —, mas não era capaz de sintetizá-los, de formar uma percepção complexa com uma passada de olhos. Esta era uma das razões por que o gato, visualmente, era tão enigmático: via a pata, o focinho, o rabo, uma orelha, mas não conseguia ver tudo junto, o gato como um todo.




Foto: albena.org


Foto do livro: livrosdownload.com

El baño de Frida Kahlo

Graziela Iturbide nasceu no México em 1942. Casa-se com o arquiteto Manuel Rocha Díaz no ano de 1962, casamento que gera três filhos. Em 1970, um trágico acontecimento marca a vida da fotógrafa para sempre, sua filha morre aos seis anos de idade. A partir desse momento, Iturbide sensibiliza-se pela fotografia.

Aluna de Manuel Álvarez Bravo, considerado o Cartier Bresson do México em termos de fotógrafo mais conhecido, Graziela, sofre influências em sua fotografia do professor e também de Cartier Bresson e Sebastião Salgado.



Frida Kahlo morreu em 1954, seu marido Diego Rivera, não podendo mais olhar para os pertences de sua esposa, tranca-os todos no banheiro. Em 2006, Rivera resolve abrir o banheiro depois de anos e convida a fotógrafa Graziela Iturbide para registrar este momento. Iturbide entra sozinha com sua câmera e estabelece um diálogo entra a artista, capta com seu olhar o lado mais humano de Frida, sem explorar sua vida artística. Disso nasce sua série "El baño de Frida Kahlo" publicada em um livro de mesmo título em 2009.

Fotos: http://www.arte-mexico.com/lopezquiroga/GracielaIturbide/elbanodeFridaKahlo.html


sexta-feira, 1 de abril de 2011

In the road...

O viajante Robert Frank nasceu em Zurique, Suíça, em 1924. Em busca de fotos inusitadas, o fotógrafo observa, tenta conhecer os indivíduos e espera pelo acaso. Entra em bares, hoteis vagabundos e rodoviárias. Sua fotografia mostra também aquilo que ele sente.



Os americanos não suportaram a imagem que Frank captou de seu país, a desigualdade social, o racismo, o capitalismo desenfreado. O livro "The Americans", lançado em 1958 na Europa, só foi saiu nos EUA um ano depois, causando muito desagrado entre os patriotas que sonhavam possuir um país dos sonhos.

Foto de Robert Frank: invinciblearmor.blogspot.com


Fotos: http://www.portal3.com.br/hotsites/jornalismoonline2/o-fotodocumentarismo-de-robert-frank-the-americans/

A sombra que quebrou o relevo

300.000 Km/s, foi aproximadamente a velocidade do raio que fez partir o tédio e nascer a sombra. Inicialmente era pequena, estava deitada. Ao olhar ao redor, viu que havia várias como ela, de todos os tamanhos possíveis. Mesmo jovem sonhava em ser grande como suas irmãs, e quanto mais raios vinham, mais se alongava. Ao meio-dia estava com formas arredondas, equilibrada na linha do criador que emanava raios ininterruptamente, assegurando sua forma corpórea. Durante a tarde se divertiu tanto correndo pelos campos, se distorcendo no capim, mas eis que o inusitado acontece. Uma massa acinzentada se aproxima sorrateira, bloqueando sua fonte de definição. Naqueles minutos que mais pareceram uma eternidade, o tempo parou. Ou mesmo não mais existia, se sentiu num vácuo. Pela primeira vez sentiu a experiência da morte. Quando abriu os olhos, viu que a massa se afastava e refletiu sobre o fato. Pensou consigo que não era eterna, e que a ameaça de uma massa maior poderia extinguí-la para sempre. Passou a tarde angustiada com a descoberta, se viu deitada e percebia a cada minuto que menos raios sentia. No último raio, uma nova descoberta. Não se sabe como ou porquê, mas ela orou, pediu a alguém que supostamente a pudesse ouvir. Não havendo resposta, a luz se foi. Novamente no silêncio e não havendo outra saída, ficou a ouvir. Viu que eram suas irmãs que estavam ao seu lado, todas grudadas como se fossem uma. Sentiu-se confortada e percebeu que fazia parte de algo muito maior, e sorriu. Com o passar dos anos, conheceu muito. Percebeu que havia mais energias que a podiam alimentar, conheceu a energia vermelha que dançava sobre a brasa, conheceu mais esferas luminosas e pontos brilhantes, estáticos ou velozes, viu que mesmo com as massas cinzentas carregadas, ora ou outra, uma energia brotava do chão rasgando o céu. Embora o mais importante foi a descoberta da imaginação, com o qual viajou pelo universo com suas irmãs. Viu que sempre existiria de alguma forma, finalmente a sombra quebrou o relevo. Foto: espiritualidadeparatodos.blogspot.com

Diálogo idealizador

Por Luiz Fernando Bueno e Miguel Messias dos Santos
Nesse mundo de ilusão

Onde a injustiça impera

Alunos sem escolas e educação

Pais morrendo em tapera


Vemos evanescer poetas

Perdidos sem esperança

Esquecem suas metas

Mata-se a criança


O que será do povo

Que não escreve seu nome

Vive dentro do ovo

Com a barriga com fome


O trabalho só tira

Tempo de raciocínio

O pobre está na mira

Pra quê tal fascínio?


Se faltam empregos para os pobres

As elites esbanjam as fortunas

Que vivem em castelos nobres

Porém, como dividem as misturas?!


Escritos nas tábuas da ideologia

Os burgueses sempre consomem

Lo miserable sempre servia

Igualdade! Grita o homem.

Papos de poetas do museu... Foto: blogdonazario.zip.net