sábado, 28 de agosto de 2010

7º Fórum das Coisas do Arco da Velha: Do Baú do Cassalho

Uma fogueira a tremular dentro de uma caverna, ao seu redor nossos ancestrais se aquecem e deslumbram sua maior descoberta, a luz das chamas ao acariciar seus corpos projeta sombras e vultos na parede, medo e fascínio tomam conta do seu imaginário, pronto, está formado o ambiente propício para aquele que gera histórias, constitui valores e tem função social, o mito.
No último sábado, dia 21 de Agosto, ocorreu no Espaço Café no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, o 7º Fórum das Coisas do Arco da Velha e consequentemente nossa Áula de Folclore, no dia estavam presentes Valter Cassalho, Neide Rodrigues, Lilian Vogel, Toninho Macedo, Maria do Rosário e Oswaldo Guimarães, além de variados grupos folclóricos, abaixo segue a programação do que ocorreu no evento, seu objetivo e conceito, além de um texto baseado na palestra de Valter Cassalho (Fundador e Presidente da Associação dos Criadores de Lobisomem - 1998), o qual falou sobre a importância do mito para a sociedade e contou algumas lendas.

"O
FÓRUM DE COISAS DO ARCO DA VELHA surgiu em Joanópolis (Capital da Lobisomem) através do Núcleo de Folclore Pé da Serra (Comissão Paulista de Folclore) e Associação dos Criadores de Lobisomens com a finalidade de discutir, valorizar e divulgar a cultura brasileira, com seus mitos e assombrações e outros costumes que fazem parte do nosso folclore. O Fórum já realizado em outras cidades da região, agora em sua sétima edição chega a capital paulista com uma variada programação. Confira:

PROGRAMAÇÃO
7º Fórum das Coisas do Arco da Velha – Programação

8h30 – Credenciamento.

9h – Abertura oficial.

9h15 – Palestra: “Mitos e lendas da região bragantina”, pelo prof. Valter Cassalho (Comissão Paulista de Folclore).
9h45 – Palestra: “Os sacis e sua importância na preservação do meio ambiente”, pelo presidente da Associação dos Observadores de Saci de Botucatu.
10h15 – Intervalo: Café Caipira.
10h30 – Palestra: “Lobisomem – mito ou assombração?”, pela prof.ª Maria do Rosário Tavares de Lima.
11h – Palestra: “Lendas indígenas na escola”, por integrantes do Instituto Socioambiental (ISA).
11h30 – “As lendas cantadas” – apresentação do Grupo Cantante da Melhor Idade da Cidade de Joanópolis.
12h – Palestra: “Patrimônio material e imaterial da cultura brasileira”, por Toninho Macedo (presidente da Comissão Paulista de Folclore).
12h45 – Intervalo para almoço.
13h30 – Apresentação: Orquestra de Viola Caipira Matutos da Mantiqueira e Amigos.
14h30 – Apresentação: Roda de São Gonçalo de Atibaia (coordenação de Lilian Vogel).
15h – Apresentação: Caiapó de Joanópolis (coordenação de Ronaldo Leme).
15h30 – Apresentação: Catira Botas de Ouro de Guarulhos.
16h – Apresentação: Congada Roda de Atibaia.
16h30 – Homenagem ao Divino Espírito Santo, com apresentação da Orquestra de Viola Caipira Matutos da Mantiqueira e Grupo Cantante da Melhor Idade de Joanópolis.
17h – Lançamento oficial do DVD “6ª Cavalgada do Divino Espírito Santo de Joanópolis 2010” (projeto realizado com recursos do PROAC da Secretaria de Estado da Cultura)." Profª Neide Rodrigues Gomes
O Lobisomem, o turismo do imaginário e a valorização do diálogo

O lobisomem gerou uma indústria, hoje em Joanópolis-SP existem diversos produtos com a marca do lobisomem e muitos visitam a cidade em busca de encontrar seus medos (Cassalho dá o exemplo das Noites do Terror do Playcenter onde pagamos para levar susto), isto é o Turismo do Imaginário, o artesanato e contar histórias, estas são algumas formas de obter um aproveitamento do folclore.
Xamãs, pajés, feiticeiros, diabo, religião, negro, índio e o caipira, o folclore os mistura e dá origem a toda essa riqueza cultural que o país possui, nas escolas vemos as comemorações do Dia do Haloween (festa folclórica tipicamente americana) e se esquecem de olhar para o que temos, "Trocamos nossa riqueza por um enlatado norte-americano", diz Cassalho.
Uma reinterpretação do folclore, mudar o mito e agregar novas características é extremamente importante para manter o mito vivo, veja o lobisomem de Joanópolis que agora até tem filho.
Foram-se os tempos em que no interior sentávamos a beira do fogão-à-lenha e ouvíamos histórias até altas horas da noite ou mesmo na capital, quando todos jantavam juntos e conversavam sobre o nosso dia, a televisão e o computador apesar de serem meios de comunicação desvalorizaram o diálogo, fator principal para criarmos laços afetivos com a pessoas com quem convivemos, agregar valores e fortalecer o fio condutor da vida."O medo é o pai dos mitos", diz Cassalho, seguem abaixo duas lendas.
O Lobisomem
Numa sexta-feira, beirando a meia-noite, uma mulher resolve ir visitar sua mãe, pega seu filho, chama seu marido e mesmo receosos pelo horário, caminham pela floresta até o sítio da mãe.
No meio do caminho o marido sente uma dor de barriga e corre para o mato, de repente surgi um lobisomem e começa a perseguir a mulher que sobe em uma porteira, o lobisomem golpeia o ar e rasga a baeta que cobre o bebê (que ainda não era batizado) e corre para a floresta, algum tempo depois surgi o marido com fiapos entre os dentes.
Função Social: Para as crianças serem batizadas, criou-se o mito de que se não as fossem, virariam lobisomem.
A Porca-de-Sete-Leitões
Com grande frequência, via-se em um vilarejo um animal estranho grunhindo e correndo junto a seus filhotes.
Quita, vivia sozinha desde seus vinte anos, embora usa-se ervas e mandingas que ela mesma fazia como anticoncepcionais, a cada tempos aparecia "de barriga", mas, que logo sumia usando de seus métodos abortivos.
Certa vez Quita em um aborto mal-sucedido estava num estado gravíssimo, uma parteira e um rapaz ao verem que nada mais podiam fazer resolvem levá-la a um médico.
Uma carruagem corre à toda pela estrada e no meio do caminho surge uma porca preta, seguida por sete leitões, no meio da confusão Quita some, a porteira a procura e o rapaz ao ver que aquilo era "coisa do demo", pega a parteira e foge dali.
Por isso, muito cuidado ao sair a sexta-feira à meia-noite, pois, além de correr o risco de encontrar com um lobisomem ainda pode se deparar com os terríveis grunhidos da Porca-de-sete-leitões.
Função Social: Assim como o mito de que criança jogada ao rio vira Boitatá, a Porca-de-Sete-Leitões vem como castigo para quem pratica abortos."A porca-dos-sete-leitões ocorre principalmente nas regiões centrais e meridionais do Brasil. Aparece durante à madrugada, em locais escuros e ermos: ruas desertas, becos, encruzilhadas, adros de igreja. Ronca surdamente, sempre acompanhadas de seus sete filhotinhos berrando ao seu redor.
Não faz mal a ninguém. Em algumas versões, tem preferência em assombrar homens casados que voltam para casa fora de hora. Se a vítima se volta para encará-la, a mãe e os filhotes desaparecem. Segundos depois, torna a aparecer e a sumir novamente.
É mito originário de Portugal, onde acreditam ser o próprio diabo ou sua manifestação. Ainda no imaginário português, algumas vezes, a porca pode tomas a forma de outros animais.
Em várias culturas da Europa, "a Porca e os Sete Leitões" é um nome popular para o conjunto formado pela estrela Aldebarã e as Híades.
No Brasil, segundo a versão recolhida em Cuiabá, por Karl von den Steinen, é o castigo da mulher que interrompeu voluntariamente a gravidez. Tantos quantos forem os abortos, serão os leitões. Em algumas versões paulistas, é uma rainha que teve sete filhos e foram amaldiçoados por vingança de um feiticeiro.
Luís da Câmara Cascudo, em Dicionário do folclore brasileiro, sugere uma explicação: "A porca, símbolo clássico dos baixos apetites carnais, sexualidade, gula, imundície, surge inopinadamente diante dos freqüentadores dos bailes noturnos e locais de prazer"." http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/P%C3%A1gina_principal

Concluindo, Cassalho diz "Abram seus baús" e foi isso que foi feito no Arco da Velha, ouvimos lendas antigas ao redor da fogueira da curiosidade, confraternizamos com velhos amigos e com pessoas com as quais nunca falamos, botamos na prática a valorização do diálogo.

Lobisomem: Assombração e Realidade - Maria do Rosário (Livro)

*Obs.: No rodapé do blog seguem exposições de fotos e sempre tem dicas de eventos que estão por vir.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Mulheres entre Aiatolás

Caminhando pela rua, uma mulher atira seu véu ao vento, as pessoas se chocam ao vê-la, cortam sua garganta ao preferirem encará-la, a cena de uma mulher tirando o véu talvez aparente ser algo casual para nós, mas, no caso citado estamos falando do Irã em 1830, onde uma poetisa foi a primeira mulher a realizar tal ato corajoso.
No dia 15 de Agosto, estive na 21ª Bienal do Livro de São Paulo (que vai de 12 a 22 de Agosto), no qual tive a honra de assistir a um debate com a iraniana Azar Nafisi (escritora e acima de tudo, uma sonhadora), a jornalista Márcia Camargos e a jornalista Adriana Carranca, o debate girou em torno de que como a mulher é tratada no Irã e a ideia deturpada que temos deste país, com base nesta maravilhosa experiência, relato-lhes agora o que aprendi.
Ao questionada sobre de que forma o Irã é pintado em seus livros, Azar diz que, o Irã passou por um regime tirânico e um regime assim segue três passos:
1º Tiram sua realidade, quando pensam em Irã não pensam em seus 300 anos de história, pensam em Mahmoud Ahmadinejad.
2º Tiram sua história, pois, a história pode ser perigosa, "O que é mais verdadeiro do que a história" (Isabel Allende), cita Azar, a história sempre diz a verdade, pela primeira vez o mundo está descobrindo que o povo iraniano é como nós, "Todos nós sangramos" (Shakespeare ao se referir a igualdade das mulheres), "As histórias estarão sempre aí, sem elas o mundo ficaria um completo silêncio" (Azar Nafisi).
3º Tiram sua cultura (o desenho Popeye é proibido no Irã, pois, Olívia não é casada com ele e os livros de Dan Brown também), quando o fazem tiram nossa imaginação, a política formula tudo e ficamos com preguiça de questionar, neste momento a curiosidade pode ser a melhor arma para a insubordinação. As mulheres sempre foram o primeiro alvo da tirania, pessoas diferentes, atacam os poetas, aqueles que tem imaginação, que dão sonhos, "Ambos os meus livros são uma celebração da imaginação" (Azar Nafisi).
Segundo Márcia, os iranianos são muito simpáticos e amorosos, nada daquele estereótipo de homem-bomba, pois, quando se fala em Irã logo só pensam em aiatolás, confundem com Palestina e pensam ser um país árabe quando na verdade é persa, as mulheres usam um lenço na cabeça e uma característica das jovens é que o colocam bem para trás mostrando parte do cabelo, este é o Irã, berço da civilização com uma história milenar.
Adrina diz que os jovens iranianos de hoje não pegaram a revolução e isto pode ser uma bomba a explodir, os aiatolás tem medo destes jovens, as mulheres decidem usar o véu ou não, decidem sua vida, o véu é uma escolha.
Para Nafisi, os fundamentalistas não são os piores, os fascistas foram extremamente cruéis e quando questionada sobre a literatura persa, comenta ser muito vasta e que todos tem o direito de ler, de ler bons livros.
O Irã está criando uma mudança no mundo, é preciso mudar a mentalidade para não tolerar tiranos, não podemos deixar que tirem nossa voz, passado e realidade.
Em 2009, o povo iraniano foi a rua protestar contra o resultado das eleições, tratados com violência por causa do medo do ecoar de suas vozes, sem armas, apenas palavras, "A mudança vai vir de dentro" (Azar Nafisi).
Concluindo, Azar em sua língua significa Dezembro no calendário Zoroastro (o qual o governo proíbe) e é o Deus do Fogo, em nossa língua designa má sorte (a autora até comentou que se sentiu muito triste ao saber disso), mas, apesar do significado em português sabemos o quão sortudos fomos ao tê-la em nosso país.

domingo, 15 de agosto de 2010

Vídeo Índio Brasil edição 2010

Preconceito e esteriótipo, está aí duas palavras que estou ouvindo o ano todo e o Vídeo Índio Brasil vem justamente com a proposta de quebra dessa visão distorcida da realidade indígena.
Criado a 3 anos, o projeto tem como meta apresentar as diferentes faces do índio, o que sofreram no passado com a chegada dos brancos e sofrem até hoje, disseminar sua cultura pelo mundo, a chegada da tecnologia nas aldeias e os índios urbanizados, tudo isto, na forma de documentário e curtas, alguns feitos por índios e outros apenas tendo eles como assunto em foco.
Nesta edição de 2010, que ocorreu de 31 de Julho a 7 de Agosto, o VIB, que em sua primeira edição só contava com poucas cidades, cresceu durante estes anos e nesta última participaram Campo Grande - MS e outras 111 cidades.
A programação dos filmes foi a mesma em todas as cidades, mas, em cada cidade havia atrativos diferentes como em Atibaia - SP que no último dia esteve presente o palestrante Marcos Júlio Aguiar (Coordenador do Projeto Índios na Cidade) e João Dias (representante da etnia Kaimbé), os quais estiveram também em Joanópolis - SP, no dia 4 de Agosto, cidade que dentro do evento colocou oficinas, apresentações artísticas, palestras e a Exposição Fotográfica Índios do Brasil - Curadoria Flávio Pileggi (Clube Atibaiense de Fotografia).Em Atibaia, Marcos, disse que junto com uma ong ajudou a criar o primeiro Ponto de Cultura Indígena em uma área urbana (os outros 80 estão em comunidades indígenas), localizado em Mogi das Cruzes - SP no Pontão de Cultura. O Ponto se chama “Kopenoty Ia M’Boigy” que, numa mistura das línguas Terena e Tupi, quer dizer “Indígenas em Mogi” ou “Indígenas no Rio das Cobras”.Segundo Marcos, para falar da temática indígena é preciso conhecer, num fórum em Nova York (lá estavam mais de 2000 indígenas de 100 países diferentes) no qual participou, descobrindo que o Brasil é o único país das Américas que possui um levantamento de sua população indígena, em média com 2,5 milhões no país, sendo que entre 60 a 70% vive em área urbana, na Grande São Paulo são mais de 60.000 indígenas.O Tupi (falado pelos Tupis e outros povos) e o Macrogê (falado pelos Xavantes) são os principais troncos linguísticos indígenas que dão base as outras tantas línguas indígenas existentes.
Algumas curiosidades são que Bugre (termo o qual muitos usam para designar o índio em si) é na verdade uma ofensa, significa idiota, besta e o Pajé numa aldeia é escolhido naturalmente, tem o dom, há diferenças dependendo da etnia.Segundo pesquisas os índios são os indivíduos com menos incidência de câncer de pele e o que os torna mais protegidos são o Urucum e o Jenipapo (frutos encontrados na floresta) que usam apenas com o intuito de se pintar, após a descoberta começaram a colocar em protetores solar.
Dia 19 de Abril é o Dia Pan-Americano dos Índios, mas, para eles o mês de Abril não é um período de reflexão, a ONU instituiu o 9 de Agosto como Dia Mundial dos Povos Indígenas e Tribais.O índio não entra no folclore por ser um tipo de cultura muito específica, única, sem influências externas, com tradições que não se modificam através do tempo.
Segundo João Dias, a Funai (Fundação Nacional do Índio), Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e o Governo Federal não ajudam o índio, por isso saem de sua terra e vem para São Paulo (cidade que ainda é destino da grande maioria das migrações), vem buscando uma vida melhor, mas, acaba sofrendo como em sua terra, Marcos Aguiar visa tornar o índio independente e desprendido de associações.Na aldeia Kaimbé, todos os habitantes são católicos e o casamento e registro de nascimentos são feitos na própria aldeia já que possuem cartório, os índios que saem para estudar retornam para ajudar na aldeia.
Os avós dos Kaimbés participaram da Guerra de Canudos, onde os fazendeiros os colocavam na frente para serem mortos primeiro e na Revolução Farroupilha muitos índios participaram também.Gostaria de finalizar com uma frase dita por Marcos durante a palestra "Não foi a aldeia que chegou na cidade, foi a cidade que chegou até a aldeia.", no ano de 2012, finalmente com a Lei nº 11645 haverá o ensino da cultura indígena nas escolas, mas, a realidade nua e crua, o que será fundamental para se ter um verdadeiro esclarecimento sobre esta temática tão esteriotipada, abaixo seguem mais informações e um convite de festa. Sempre olhe para o mundo sem as vendas que a sociedade impõe ou seus próprios preconceitos internos, tente aprender com a curiosidade de uma criança, pois, elas não tem medo do desconhecido.*Fotos tiradas dos filmes durante o evento


Programação do Vídeo Índio Brasil

31 DE JULHO SÁBADO

- SOLENIDADE DE ABERTURA

JÁ ME TRANSFORMEI EM IMAGEM
Direção: Zezinho Yube / Ano: 2008 / Gênero: Documentário / Duração: 32 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / AC - Hunikui (Kaxinawá) / Classificação: Livre

DE VOLTA À TERRA BOA
Direção: Vincent Carelli / Ano: 2008 / Gênero: Documentário / Duração: 21 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / MT - Panará / Classificação: Livre

1º DE AGOSTO DOMINGO

CORUMBIARA
Direção: Vincent Carelli / Ano: 2009 / Gênero: Documentário / Duração: 117 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / RO - Akuntsu e Kanoê / Classificação: Livre
Prêmios:
- Menção Honrosa no Festival É tudo verdade - 14º Festival Internacional de Documentário;
- Prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular no IV Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo;
- Prêmio de Melhor Documentário no 19º Festival Présence Autochtone - Muestra de Cine y Video Indígena de Montréal;
- Grande Prêmio Cora Coralina no XI FICA - Festiva Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental;
- Prêmio de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Montagem, Melhor Filme do Júri popular, Melhor Filme do Júri de Estudantes de Cinema no 37º Festival de Cinema de Gramado;
- Prêmio Manuel Diegues Jr. pela importância do tema; Prêmio Aquisição de Longa-Metragem - da TV Brasil e o Prêmio OCIC (Office Catholique International du Cinéma), na 14ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico);
- Prêmio Anaconda 2010, categoria Documental.


2 DE AGOSTO SEGUNDA-FEIRA

KUHI IKUGÜ, OS KUIKURO SE APRESENTAM
Direção: Coletivo Kuikuro de Cinema / Ano: 2007 / Gênero: Documentário/ Duração: 7 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / MT - Kuikuro / Classificação: Livre

PI’ÕNHITSI, MULHERES XAVANTE SEM NOME
Direção: Divino Tserewahú / Ano: 2009 / Gênero: Documentário/ Duração: 56 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / MT - Xavante / Classificação: Livre
Prêmios:
- Prêmio Especial do Juri, Forumdoc, Belo Horizonte, 2009.


3 DE AGOSTO TERÇA-FEIRA

PAJERAMA
Direção: Leonardo Cadaval / Ano: 2008/ Gênero: Animação/ Duração: 09 min. / Produção: Paulo Boccato e Mayra Lucas / SP / Classificação: Livre
Prêmios:
- Melhor Curta-metragem para a juventude no Festival Internacional de Oberhausen 2008;
- Prêmio de Melhor Curta-metragem (Júri Oficial) no Festival Internacional de Curtas-metragens de Belo Horizonte 2008;
- Prêmio de Melhor Curta de Animação no Festival de Cinema de Cartagena 2009 (Júri Oficial);
- Prêmio de Melhor Curta de Animação no Festival de Curtas de Sergipe – Cine SE;
- Prêmio de Melhor Curta-metragem de Animação e Melhor Trilha Sonora Original no Festival Audiovisual do Mercosul – FAM 2008;
- Prêmio de Melhor Curta-metragem de Animação no Festicine Amazônia 2008;
- Selecionado para a Mostra Paralela Jeune Public, do Festival de Curtas-metragens de Clermont-Ferrand;
- Melhor Trilha Sonora Original no Festival Guarnicê de Cinema (MA) 2008;
- Melhor Edição de Som no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá 2008;
- Melhor Trilha Original no Granimado 2008;
- Seleção Oficial do Festival de Cinema de Cartagena das Índias 2009 (Colômbia);
- Seleção Oficial do Festival de Animação Animadrid 2008.

PORAHEY
Direção: Alunos da Oficina do Projeto Ava Marandú / Ano: 2010 / Gênero: Documentário / Duração: 27 min. / Produção: Pontão de Cultura Guaicuru / MS - Guarani / Classificação: Livre

IMBÉ GIKEGÜ - CHEIRO DE PEQUI
Direção: Tarumã e Maricá Kuikuro / Ano: 2006 / Gênero: Documentário / Duração: 36 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / MT - Kuikuro / Classificação: Livre
Prêmios:
- Menção Honrosa da III MoVA Caparaó, Espírito Santo;
- Prêmio Manuel Diégues Júnior, Museo del Folclore, na concepção - realização, 10ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico (RJ);
- Menção Honrosa Média, concedida pela ABDeC na 10ª Mostra Internacional del Filme Etnográfico (RJ);?
- Prêmio Especial do Júri, Festival Internacional de Curtas de Rio de Janeiro CURTA CINEMA, 2006;?
- Melhor Curta-metragem, Festival Présence Autochtone de Terres en Vue, Montréal, Canadá, 2007.


4 DE AGOSTO QUARTA-FEIRA

MOKOI TEKOÁ PETEI JEGUATÁ - DUAS ALDEIAS, UMA CAMINHADA
Direção: Ariel Ortega, Jorge Morinico e Germano Benites / Ano: 2008 / Gênero: Documentário / Duração: 63 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / RS - Guarani-Mbya / Classificação: Livre
Prêmios:
- Melhor filme do ForumDoc, Belo Horizonte, 2008.


5 DE AGOSTO QUINTA-FEIRA

KRÉ
Direção: Francele Cocco / Ano: 2009 / Gênero: Documentário / Duração: 08min. / Produção: Francele Cocco / RS – Kaingang / Classificação: Livre

KENE YUXI, AS VOLTAS DO KENE
Direção: Zezinho Yube / Ano: 2010 / Gênero: Documentário / Duração: 48min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / AC - HuniKui (Kaxinawá) / Classificação: Livre

6 DE AGOSTO SEXTA-FEIRA

INDÍGENAS DIGITAIS
Direção: Sebastian Gerlic / Ano: 2010 / Gênero: Documentário / Duração: 26 min. / Produção: Thydêwá – Índios On-Line / BA - Tupinambá (BA), a Pataxó Hahahãe (BA), Kariri-Xocó (AL), a Pankararu (PE), Potiguara (PB), Makuxi (RR) e Bakairi (MT) / Classificação: Livre

A GENTE LUTA, MAS COME FRUTA
Direção: Valdete Pinhanta e Issac Pinhanta / Ano: 2006 / Gênero: Documentário / Duração: 40 min. / Produção: Vídeo nas Aldeias / AC - Ashaninka / Classificação: Livre
Prêmios:
- Prêmio Panamazônia 2007 de Melhor Produção audiovisual da Action Aid Americas, 2007;
- Melhor Documentário no Cine Gaia, 2008.


7 DE AGOSTO SÁBADO

TERRA VERMELHA
Direção: Marcos Bechis / Ano: 2008 / Gênero: Ficção / Duração: 1h48min. / Produção: Gullane Filmes / MS / Classificação: 14 anos
Elenco: Matheus Nachtergaele, Leonardo Medeiros, Ambrósio Vilhalva, Abrisio da Silva Pedro, Cláudio Santamaría, Alicelia Baptista, Chiara Caselli, Ademilson Concianza Verga, Fabiane Pereira da Silva, Eliane Juca da Silva.


III Encontro Índios Kaimbé
Estado de São Paulo - Poá
Dia 22 de Agosto de 2010
Horário das 9:00H às 17:00H
Local: Rua Marcia, 105 - Vila Oceania - Poá (Chácara Ivi Eventos)
Tel: (11) 4675-7894 E-mail: indiamagna06@yahoo.com.br
Temas variados, feira artesanal e exposição de fotos
Traje esportivo


http://www.videoindiobrasil.org.br/ Site oficial do Vídeo Índio Brasil
http://www.opcaobrasil.org.br/ Site do Opção Brasil

ATIBAIA

MOSTRA NACIONAL VÍDEO ÍNDIO BRASIL 2010
Após cinco edições do Festival de Atibaia Internacional de Audiovisual e duas edições do Dia Internacional da Animação (2008 e 2009) a Associação de Difusão Cultural traz para Atibaia o Vídeo Índio Brasil 2010.
Sessões, em nossa sede e nas escolas do município, com exibições de filmes produzidos por índios e filmes sobre índios.
Programação paralela: Estamos em contato com duas escolas municipais do bairro do Tanque e Portão onde somos Ponto de Cultura, para realizar paralelamente nestes locais.


Local:
Difusão Cineclube
Endreço: Rua Oswaldo Urioste, 15 - Centro

* Maiores informações diretamente com a coordenação local
Coordenador: Vinicius Roberto de Souza
Contato: vinirob@yahoo.com.br
Fone: (11) 2427-5804 begin_of_the_skype_highlighting (11) 2427-5804 end_of_the_skype_highlighting (residencial) / (11) 4402-4296 begin_of_the_skype_highlighting (11) 4402-4296 end_of_the_skype_highlighting (comercial) / (11) 87176094 begin_of_the_skype_highlighting (11) 87176094 end_of_the_skype_highlighting (celular) Twitter: @vinirob

www.difusaoculturalatibaia.org.br
www.difusaocineclube.org.br
www.festivaldeatibaia.com.br

Apoio Cultural: Prefeitura de Atibaia

Mais fotos e vídeos

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mitos e Lendas: O Lobisomem

A chuva caía incessantemente num dia de temporal em Joanópolis, interior de São Paulo, Godofredo ao ver seu animalzinho se molhando joga um cobertor nas costas e sái para o jardim resgatá-lo, algumas pessoas ao vê-lo de tal maneira com um cobertor peludo nas costas, pensam ter visto um lobisomem.
Esta é a última parte destas postagens sobre mitos e lendas, cuja base, já citada anteriormente é a Palestra do Curso de Folclore do Ponto de Cultura de Joanópolis com o Projeto "Ora Viva São Gonçalo" no qual a palestrante Maria do Rosário Tavares de Lima, uma mulher com tamanho conhecimento e ainda por cima muito humilde, nesta postagem prenderemos a atenção em um único mito, o lobisomem.
O lobisomem é o mito mais antigo da humanidade civilizada, segunda a lenda (por causa que entra Zeus), o rei Licaón serviu carne humana a Zeus, irado com tal atitude, Zeus lança-lhe uma maldição e o transforma num ser metade homem e metade lobo.A lenda é de Roma, centro do mundo na época da civilização, povo muito conquistador no século II, III e IV, no último citado começa a sua decadência e neste mesmo século Constantino oficializa o Cristianismo.
Por onde passavam, os romanos deixavam filhos, divulgavam sua língua e sua cultura, a qual se misturava com a grega, ocasionado pela transculturação.
Em suas conquistas relatavam a lenda do lobisomem e no período da Monarquia a cultura transitava por Portugal, com D. João VI ela finalmente desembarca no Brasil.
Realçado pela Igreja como símbolo de castigo, assim como o Bode Expiatório dos judeus, o qual é sacrificado todo ano simbolizando os pecados da comunidade.Se uma mulher tem sete filhos homens, o sétimo ao nascer vira lobisomem (a bruxa é associada ao lobisomem por possuir as mesmas maldades, assim a sétima filha de uma mulher que só tenha filhas, vira bruxa), se um menino nasce no dia 25 de Dezembro a meia-noite, também vira lobisomem e o mesmo acontece se um homem fica sete anos sem se comungar e se benzer com água benta, o padre avisa a pessoa três vezes e se ela não se confessar, vira lobisomem.
Seu fadário dura sete anos, no qual toda noite que se transforma sua sina é correr sete cidades e depois retornar para a sua e aí deixa de ser lobisomem por aquela noite.Roupa nova acaba com a maldição, ao se transformar ele abandona suas roupas que se forem trocadas por roupas novas quando ele vestir se esquece e nunca mais vira lobisomem.
Contam que o avô da palestrante, um republicano, era chamado de lobisomem, pois, saía a noite e era mulherengo, na verdade o que fazia era ir de cavalo à Bragança Paulista - SP, onde participava de reuniões de maçonaria.
Bom, agradeço desde já a Maria do Rosário pela excelente palestra, o que me rendeu quatro envolventes postagens, na próxima falarei sobre o Vídeo Índio Brasil.

http://www.pousadamonteleone.com.br/materia.asp?id=4 Valter Cassalho entrevista o Lobisomem de Joanópolis
E segue abaixo um convite.

No dia 21 de Agosto a Áula de Folclore será no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.
Período da Manhã: Fórum do Arco da Velha na Sala do Café.
Período da Tarde: Apresentação dos Contadores de história, Congada de Bragança Paulista, Caiapó de Joanópolis, Caatira de Guarulhos, Roda de São Gonçalo e muito mais.
O evento é gratuito e aberto ao público. Compareçam!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Mitos e Lendas: Anfíbios e Répteis

O folclore agrega a cultura informal espontânea, a cultura erudita e a cultura popular.
Com base na palestra do Curso de Folclore do Ponto de Cultura de Joanópolis com o projeto "Ora Viva São Gonçalo" no qual o palestrante do dia foi Maria do Rosário Tavares de Lima, volto a falar de mitos e lendas, onde já falei sobre mitos ligados a fertilidade, mitos modernos, religiosos e o Saci, esta é a terceira parte destas postagens mitológicas, onde falarei sobre mitos ligados a anfíbios e répteis.

Salamandras
Na Europa e nos Estados Unidos se concentram a grande maioria dos mitos e magias referentes as salamandras, pois, no Brasil temos apenas uma única espécie e que se encontra no norte do país—Bolitoglossa paraensis.No Brasil, surgi o mito de que salamandra gosta de fogo e que não se queima ao andar por ele, induzido pelo fato de que salamandras gostam de lugares úmidos, principalmente lenhas, das quais ao serem colocadas no fogo, as salamandras fogem de lá para não serem queimadas.
Existem até orações e encantamentos do mito da salamandra, como a Oração da Salamandra (Exoterismo).

Sapos
Em vários lugares encontramos fontes artificiais com esculturas de sapos, pensam que é por que sapo gosta de água e na verdade ele é ingrediente principal da bruxaria, feitiçaria e magia.Encontramos sapos até nos Contos de Fada, na sua forma erótica (a grande maioria dos contos de fada antigos tinham um lado erótico e as vezes até cruéis e nada honestos, pois, o conceito de infância como temos hoje pensando na inocência da criança não existia naquela época, afinal, quem nunca achou a Chapéuzinho Vermelho um tanto "safadinha" em sua conversa com o Lobo-Mau), o sapo que vira príncipe e a crença mais conhecida é a de que sapo chama chuva com o seu coachar e no entanto ele coacha, pois, sente a humidade do ar.As estórias de sapos são várias, em Joanópolis, conta-se que mulheres ao pularem por cima de um sapo, engravidavam e o filho nascia meio sapo e meio homem, segundo o folclorista joanopolitano Valter Cassalho, essas crianças sapo tinham na verdade anencefalia, onde suas principais características são de que o feto sofre uma má formação durante um determinado período da gestação e nasce com pouco tempo de vida, com os braços finos, sem uma parte do cérebro (o encéfalo, responsável pelo sistema nervoso, no caso de encefalia nasce com ausência parcial deste) e ausência parcial da calota craniana (o que deixa seu cérebro exposto) e se colocado de bruços, realmente lembra um sapo, em Joanópolis-SP é causada pela proximidade sanguínea (o que acontece em muitas cidades do interior por serem pequenas) e em Cubatão, bairro de Santos-SP, ocasionado pela poluição.
Cobras
O Instituto de São José dos Campos realizou uma pesquisa sobre o Folclore da Cobra e a infinidade de dados encontrados a respeito é gigantesca.
A cobra carrega consigo uma simbologia muito grande, na antiguidade era o símbolo da realeza e seu mito atravessou séculos, chegando até nós.No México temos uma serpente, uma divindade com asas e plumas semelhante a que encontramos em Bom Jesus da Lapa-BA, cuja lenda é a seguinte, o pároco da cidade dizia que a cobra era encarnação do demônio e junto com a população, rezavam toda noite e a cada dia que passava ela perdia uma pena, após anos a cobra morreu.
A princesa encantada do Jericoacoara (mito da praia do Jericoacoara), conta a lenda de que é uma princesa muito bonita, mas, que foi amaldiçoada e ficou com corpo de serpente e cabeça e pés femininos e que mora numa gruta, para quebrar o encanto um jovem tem que se apaixonar por ela."Doravante rastejarás", assim é dito no livro de Gênese, da Bíblia, em nenhum momento diz que o animal referido é uma cobra, mal sabiam da Teoria da Evolução, o qual se aplica nesse caso, pois, antigamente este animal possuía pálpebras e pernas, mas, com a mudança da geografia de onde habitava, foi atrapalhando sua locomoção e a seleção natural cuidou do resto.Dizem que a cobra é tão maudosa que mesmo morta ele ainda injeta veneno, pois, o veneno fica no dente de seu esqueleto e se pisar em cima ele ainda tem efeito, existem cobras que produzem ovos e aquelas que tem seus filhotes na própria barriga.
O símbolo circular da cobra engolindo o próprio rabo é o símbolo do infinito (Ouroboros) e também representa o ato sexual, a fertilidade e a reprodução e deste símbolo veio a Aliança (aquela trocada nos casamentos), representando a fidelidade.
O assunto está bom, mas, vou deixá-los anciosos mais uma vez, pois, na próxima postagem vou falar sobre o mito mais antigo da humanidade civilizada. Folk You One More Time!