quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Primeiro Terceto"

Através dos emaranhados de fios da cortina

Da janela de vidro do ônibus viajante

Vejo círculos na paisagem transfigurada



Como pólens a cada segundo

Meu corpo adormecido com sonhos de morfina

Invejo a visão em sépia da dama ao lado



No reflexo da janela somos dois

Diferentes, como vogal e consoante

O livre e o preso de mãos dadas



Linhas selvagens correm ao ponto de fuga

Com medo de criar forma depois

Alongam-se ao máximo na linha do horizonte


Conduzem meus olhos numa hipnose

Num vácuo alucinante que me suga

Confortam-me as luzes nostálgicas da noite

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